terça-feira, dezembro 30, 2008

Contagem regressiva


É isso. Praticamente o último dia útil de 2008.

Impressionante como essas viradas de ano me fazem perceber a passagem do tempo. Nessa época eu noto meu envelhecimento. Mais até que nos dias de aniversário...

Ah, que fique claro! O uso de 'envelhecimento' aqui não tem tom de lamúria ou de queixa. Aliás, não tem a menor carga ruim. Acho envelhecer uma das coisas mais legais da vida. Só não envelhece quem morre. Então digamos que prefiro mesmo envelhecer.

E de quebra no caminho vou encontrando amigos e pessoas bacanas - às vezes nem tanto, mas em 2008 nem me lembro de uma dessas... Pelo contrário. Foi um ano incrível do ponto de vista das amizades. Mesmo para as que já tinha de longa data. Em 2008 me aproximei ainda mais de cada pessoa importante pra mim.

Olha, pensando agora, posso, com certeza, afirmar que 2008 foi dos melhores anos da minha vida! Dei muuuita risada, muita mesmo! Aprendi um montão de coisa com diferentes pessoas.

Putz, acabo de me dar conta que foi du caralho!

E falando em amigos, foi praticamente em 2008 que conheci minha melhor amiga: a Sofia. Ela chegou 10 dias antes de acabar 2007 e por isso considero que foi 2008 o ano no qual nos tornamos amigos. Pô, só por essa já posso considerar um ano 'hitórico'. E olhe que teve muito mais...

Na noite de amanhã vou mais uma vez reparar na misteriosa magia que adentra corações entre 23h59 do dia 31 de dezembro e 0h01 de primeiro de janeiro.

É misteriosa, mas também poderosa. Tem uma áurea de renovação e faz as pessoas mexerem até onde não querem. "Esse ano vou fazer tal coisa". Sabe essas autopromessa? Pois é... Gosto muito delas. Acredito, aliás, que autopromessas são o tipo com o qual nos sentimos mais comprometidos. Caralho, se eu não cumprir o que prometi a mim mesmo vou honrar compromisso com quem?

E isso é muito bom. Há sempre coisas que queremos mudar e o empurrãozinho de uma autopromessa durante os pulinhos de sete ondas ou a explosão de fogos de artifício no céu é sempre providencial.

Também gosto de repensar o que fiz e o que quero fazer. Em onde comecei isso tudo e onde é que vou acabar.

Pra variar, sempre gosto do que fiz e ainda mais do que vou fazer. E também percebo que não sei onde comecei e muito menos onde vou acabar. Só sei que rir continua sendo o melhor remédio... Opa, alguém já disse isso em 2008 anos de cristianismo, né não?

Bom, então fiquemos por aqui. Espero mesmo que 2009 seja ainda melhor e que eu possa rir tanto quanto ri até agora. Melhor que isso. Que eu possa amar a vida ainda mais do que amei até agora e seguir nessa direção que, honestamente, não sei bem qual é, mas se soubesse não ia ter a menor graça, fala aí?

Bom 2009 pra você que viaja ou viajou com o astronauta solitário. Nos vemos em 2009 e cuidado com seus desejos e autopromessas, hein? Eles podem se realizar em 2009!

terça-feira, dezembro 23, 2008

Thundercats, ooooooh!

Sensacional! Se você assistiu a Thundercats na sua infância e gosta de cinema também vai achar.

Reza a notícia - elas são cada vez menos confiávies hoje em dia, pra minha tristeza profissional - que um sujeito fã dos felinos superpoderosos do desenho passou um ano coletando e editando imagens de trechos de filmes, para montar o que seria um trailer da versão cinematográfica de Thundercats.

Olha, eu gostei muito. Achei bem bom, mesmo. Tanto que chego a desocnfiar de golpe de marketing hollywoodiano - não foi só o jornalismo, no ramo da comunicação, que se embrenhou em caminhos escusos - \o/

Bom, assista aí ao trailer e identifique os intrépidos Lyon, Phantro, Chitara e companhia na pele de astros como Brad Pitt, Vin Diesel, Hugh Jackman e Garfield... Garfield? Pois é... O Snarf agora deve gostar de lasanha...

Como eu disse, sensacional...



segunda-feira, dezembro 22, 2008

Fashion baby




Há até uma semana eu respondia aos que me perguntavam se a Sofia (já) estava andando que ela é praticamente uma fundista.

Bom, no sábado, na prévia do aniversário de um ano resolvemos experimentar os tênis dados há exato um ano, pela mãe de um amigo que voltou dos EUA. A mãe, não o amigo. E na verdade é mãe do padrinho que além de cumpadre é amigo, entendeu? Não importa. Dona Célia sabe agora que a Sofia gostou muito do presente!

Ah, então, e aí algumas pessoas começaram a perguntar o que era fundista.

Segundo o Aurélio...

fundista
s m+f Esp Corredor especializado em provas de longa distância.

Então, a minha corredora de longa distância é um charme ou não é?

terça-feira, dezembro 16, 2008

Humor heróico

Tenho um insônia crônica. É fato. Ontem mesmo, depois de assistir a um sensacional show da The Central Scrutnizer Band, um cover de Frank Zappa que qualquer hora ganha post próprio por aqui, cheguei em casa às 2h00 da madrugada e ainda vim aqui pra frente do PC escrever um texto 'urgente' - pra variar... Depois desse texto ainda tive de chamar pelo velho Garcia Marques na cama, pra conseguir pegar no sono, e aqui vem um agravante: a leitura de O amor nos tempos do cólera tá tão boa - chegando nas últimas 100 páginas - que já creio não funcionar contra essa insônia... acabei indo dormir às 4h00...

Esse efeito do Gabo - que vem acontecendo desde o começo do livro, me fez lembrar do Adult Swin. Era um programa que passava nas madrugadas do canal a cabo Cartoon Network.

Sensacional... Os personagens de desenho animado que faziam a festa da criançada durante o dia mostravam seu verdadeiro lado no programa para adultos na matina.

Um dos quadros era o Frango Robô. O louco Seth Green, sabe? Olha ele aqui ó: http://www.imdb.com/name/nm0001293/ e um monte de nego sem o que fazer criavam histórias BIZARRAS com os heróis. Sem noção, mas muitíssimo divertido! De Batman a Barbie, nenhum boneco escapou do ácido humor do cara.


Um dos memoráveis episódios traz os vilões de Thundercats, He Man, Liga da Justiça e Comandos em Ação indo juntos ao shopping fazer compras... Faz o seguinte, assista a esse trecho dublado - a imagem tá meio ruim - mas vale a pena..




Agora, se gostou e tá com um tempinho, deixe carregar o episódio inteiro, legendado... além da esquete com os vilões há outras, muuuuuuuuuuuuiiiito boas.




Ah, agora olha o que os caras fizeram o Mário... hauhauahuahua... É bem bom também




Outro quadro bastante divertido do Adult Swin era o Space Ghost Costa a costa. O intrépido herói espacial comanda de um talk show e entrevista mil e uma celebridades, de Pelé a Madonna... Dá uma olhada na entrevista com o Moby.





Não sei por que, mas o Cartoon tirou o Adult Swin do ar... A leitura do Garcia está mesmo muito boa, mas bem que dar umas risadas em companhia dos heróis nas noites de insônia me faz muita falta...

O consolo é saber que o Frango Robô está ganhando versão de cinema... Espero que Seth Green acerte no humor, como quase sempre. Eu estarei em alguma sala de exibição em 2009 pra conferir isso de perto, já que ainda acredito que rir é o melhor remédio.

sexta-feira, dezembro 12, 2008

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Capitu (rado)


Tenho acompanhado a microssérie Capitu que a TV Globo exibe nessa semana. Sou fascinado pela criação de Machado de Assis. E entenda criação não como a obra - certamente fascinante, mas da qual conheço muito menos do que gostaria. Falo de Capitu mesmo. Criatura dissimulada e oblíqua. Menina de olhos de ressaca. Dom Casmurro foi meu primeiro contato com o autor. Foi-me, de fato, empurrado goela abaixo por uma professora do ginásio. E, ao contrário do que dizem, isso não tirou da obra o encanto. O começo foi difícil. Mas quando o autor é bom ele arrebata até o mais preguiçoso dos leitores.

Me lembro que ficava extasiado com as descrições da tal menina e me identificava mesmo com a paixão adolescente do Bentinho. Fui gostando cada vez mais e quando me dei conta devorava o livro, em busca de saber a sina do personagem-narrador e suas desventuras no amor e na amizade. Depois de adulto reli o livro. Gostei ainda mais. Dessa vez, me prendeu o estilo do grande escritor. Sem as identificações juvenis, pude notar que o velho Machado é mesmo um mestre na escolha das palavras e entendia da alma humana com poucos pscicólogos são capazes.

Dito isso, vamos à série. Simplesmente S E N S A C I O N A L. A montagem, o figurino, a fotografia. Tudo, digno dos melhores elogios. O diretor Luis Fernando Carvalho, de Lavoura Arcaica, e responsável pelos melhores seriados produzidos na Globo nos últimos tempos - Hoje é dia de Maria e A pedra do reino - acertou a mão em tudo. Absolutamente tudo.

Os recursos de montagem, com cenário único, que parece mesmo ser uma lembrança vaga e perdida no tempo, fazem o telespectador mergulhar na história. O diretor foi muito feliz ao optar por deixar as palavras de Dom Casmurro exatamente como na obra. Assistir aos dois primeiros capítulos foi como reler o livro. Cada palavra escolhida pelo maior escritor brasileiro foi preservada de maneira inteligente. Por melhor que fosse a adaptação, Luis Fernando Carvalho fez a melhor opção que poderia ter feito e deixou em Dom Casmurro o que a obra tem de absolutamente genial: o texto de Machado.

Mas a série vai além do texto. A escolha do elenco, por exemplo, é outro trunfo. Apostando em atores pouco conhecidos, o diretor brinda o expectador com um Dom Casmurro genialmente machadiano. Ponto alto. O ator Michel Malamed - prazer em conhecê-lo - dá ao personagem -narrador a carga ideal de humor, amargura e fragilidade.

O importante personagem do Agregado José Dias, na pele de outro - pra mim, completamente - desconhecido, o ator Antonio Karnewale, é outro destaque. Também dissimulado. Calculista e interesseiro. É a exata personalidade (descrita?) elaborada por Machado. O jovem Bentinho e seus familiares são também muitíssimo bem interpretados.

A menina Capitu é mesmo um Capitu (lo) à parte. Não poderia haver escolha mais acertada. Letícia Persiles é a verdadeira encarnação de Capitu. Me lembro de ter lido uma vez - talvez escrito pelo próprio Machado - que o romance não deveria ter o nome de Dom Casmurro e sim de Capitu. Pois a microssérie faz essa justiça e Letícia a atesta com graça e competência. Basta assistir a qualquer trecho com a menina pra ter essa certeza. Ela rouba a cena. Sem muito esforço. Nasceu com olhos de ressaca e faz o ar dissimulado como a Capitu de minha mente fazia durante a leitura da obra.


A direção acerta também no tempero pop que deu à obra. Li que o diretor quis assim para que os jovens entendessem que Machado não é chato nem sisudo. O motivo é até nobre, mas o resultado - que de fato é o que importa - pra mim foi sensacional.

Esse tempero, além de estar na maquiagem, no figurino e na tatuagem de Capitu, aparece na trilha sonora. Perfeita.

Quem estava à frente da TV esperando pela primeira imagem da adaptação certamente se surpreendeu com as imagens envelhecidas e as guitarras distorcidas de Jimi Hendrix. Uma maneira peculiar - e muito eficiente - de transportar o telespectoador para as angústias e amarguras do narrados Dom Casmurro prestes a entrar em cena.

Outra bem escolhida na trilha é Elephant Gun, do combo Beirut, que faz pano de fundo para a as aparições de Capitu. Falando, é difícil entender porque escolher a música de um americano, Zach Condon, e sua trupe que mistura folk e música do leste europeu, para cenas de amor juvenil entre a estrela da microssérie e o (ainda) angelical Bentinho. Se quiser, entra aqui ó http://bluesmen-worldmusic.blogspot.com/2008/10/beirut-lon-gisland-ep.html , baixe o CD e ouça. Você vai entender perfeitamente.

E por falar em entrar, o site de Capitu também é bem legal. Olha aqui ó http://capitu.globo.com/Capitu/0,38826,16142,00.html Dá pra ver algumas cenas, como o beijo de Capitu e Bentinho. Muitíssimo bem-feita e como já dito, não poderia descrever de melhor maneira o tal beijo citado no livro. Incrivelmente fiel a imaginação do leitor...

Façamos assim. Você lê isso:

Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me
definitivamente aos cabelos de Capitou, mas então com as mãos, e disse-lhe,—para dizer alguma cousa,— que era capaz de os pentear, se quisesse.
—Você?
—Eu mesmo.
—Vai embaraçar-me o cabelo todo, isso sim.
—Se embaraçar, você desembaraça depois.
—Vamos ver.
E Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelhando. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé não dava jeito: não esquecestes que ela era um nadinha mais alta que eu, mas ainda que fosse da mesma altura. Pedi-lhe que se sentasse.
—Senta aqui, é melhor.
Sentou-se. "Vamos ver o grande cabeleireiro", disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito cuidado, e dividi-os em duas porções iguais, para compor as duas tranças. Não as fiz logo, nem assim depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício, mas devagar, devagarinho, saboreando pelo tacto aqueles fios grossos, que eram parte dela. O trabalho era atrapalhado, às vezes por desazo, outras de propósito para desfazer o feito e refazê-lo. Os dedos roçavam na nuca da pequena ou nas espáduas vestidas de chita, e a sensação era um deleite. Mas, enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse intermináveis. Não pedi ao céu que eles fossem tão longos como os da Aurora, porque não conhecia ainda esta divindade que os velhos poetas me apresentaram depois; mas, desejei penteá-los por todos os séculos
dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes. Se isto vos parecer enfático, desgraçado leitor, é que nunca penteastes uma pequena, nunca pusestes as mãos adolescentes na jovem cabeça de uma ninfa... Uma ninfa! Todo eu estou mitológico. Ainda há pouco, falando dos seus olhos de ressaca, cheguei a escrever Tétis; risquei Tétis, risquemos ninfa, digamos somente uma criatura amada, palavra que envolve todas as potências cristãs e pagãs. Enfim acabei as duas tranças. Onde estava a fita para atar-lhes as pontas Em cima da mesa, um triste pedaço de fita enxovalhada. Juntei as
pontas das tranças, uni-as por um laço, retoquei a obra, alargando aqui, achatando ali, até que exclamei:
—Pronto!
—Estará bom?
—Veja no espelho.
Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para mim. Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela rosto a rosto, mas trocados, os olhos de uma na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta razão a moveu.
—Levanta, Capitu!
Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e...
Grande foi a sensação do beijo; Capitu ergueu-se, rápida, eu recuei até à parede com uma espécie de vertigem, sem fala, os olhos escuros. Quando eles me clarearam vi que Capitu tinha os seus no chão. Não me atrevi a dizer nada; ainda que quisesse, faltava-me língua. Preso. atordoado, não achava gesto nem ímpeto que me descolasse da parede e me atirasse a ela com mil palavras cálidas e mimosas... Não mofes dos meus quinze anos, leitor precoce. Com dezessete, Des Grieux (e mais era Des Grieux) não pensava ainda na diferença dos sexos.

E agora assista a isso aqui:




De quebra, você também pode entrar aqui ó http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendID=75215058 e descobrir onde o diretor encontrou a intérprete de Capitu.

Letícia é vocalista da banda baiana Manacá, que faz um som entre Cordel do Fogo Encantado e Mars Volta - assim está descrito no release do myspace, que mais parece um texto deTom Zé. Olha lá...


É isso. Vi só dois capítulos de Capitu e estou encantado. Com tudo. Inclusive com ela. Os personagens ainda vão entrar na fase adulta e a história está só começando, mas tenho certeza que o bruxo do Cosme Velho está muito feliz com essa interpretação de sua obra.

Mais do que digna para a homenagem em seu centenário de morte - nunca vou entender essa coisa de efeméride de morte, mas...

O ano oficial Machado de Assis, decretado por lei, tem, pelo menos na TV, um encerramento à altura da obra do escritor.

P.S.: O Dom Casmurro, da microssérie era a minha opção de ilustração, mas o olhos de ressaca definitivamente me capitu (raram)...

terça-feira, dezembro 09, 2008

Interligações musicais

Há uns sete anos, mais ou menos em 2001, assisti a um show de Paulinho Moska, por conta do lançamento de "Eu falso da minha o que eu quiser".

Já tinha visto os shows dos discos "Contrasenso" e de "Móbile". Lembrava de ter gostado muito dos espetáculos dos discos anteriores, mas naquele dia saí enlouquecido com o show do cara.

"Eu falso da minha vida o que eu quiser" é muito bom e o Moska estava afiado.

Não bastasse isso, lá pelas tantas ele comentou que ia tocar "Nunca foi tarde", uma versão que tinha feito para a música de um sujeito americano, que tinha morrido havia pouco mais de cinco anos e que não era conhecido no Brasil. "Vale a pena ir atrás, porque o cara é mesmo muito bom", ele disse.

E começou a tocar isso aqui ó:




Sensacional, né não? No dia seguinte eu só queria chegar logo no trabalho, porque não tinha internet em casa, e procurar sobre o tal "americano morto". Não tive dúvida. Mandei um email para o 'fale conosco' do site do próprio Moska. Acho que ainda tenho a resposta, mas era mais ou menos assim: "Caro, o compositor em questão é Jeff Buckley e o disco se chama Grace.
A música dele é "Lover, you should've come over".

Parti imediatamente em busca e consegui o tal disco. Sensacional. Jeff Buckley é de uma sensibilidade singular. Roqueiro e poético na medida certa. Canta muito bem e usa o falsete como convém, emociona qualquer um e tem umas peculiaridades nas harmonias que seduzem quem conhece. Fora o clima da música. Um órgão de igreja fazendo a 'cama' quando o vocal sobe e a poesia da letra atinge seu auge... Du caralho!

E no disco havia mais que isso. Uma cover de Hallelujah, de Leonard Cohen, é outra pérola. O único comentário sobre ela é: ouça!

Jeff Buckley é filho de Tim Buckley, um cantor americano dos anos 60, de voz suave e sorriso doce, ídolo de gente como Robert Plant. Reza a lenda que Jeff só conheceu o pai quando era adolescente e já tinha feito a opção por ser músico. Herdou a voz e a melancolia. E o sobrenome. E colocou tudo isso de uma vez em Grace, disco que lançou em 1994. Foi aclamado por crítica e público.

O prodígio cantor, com 28 anos, acabou desaparecendo da mesma forma meteórica com que surgiu. Enquanto preparava o próximo álbum, em 1997, marcou de encontrar a banda num local próximo a um afluente do Mississipi. Resolveu dar um mergulho antes de entrar para as gravações e nunca mais foi visto.

Seu único legado foi transformar uma parcela considerável do rock, que nunca mais foi o mesmo depois de Grace. Assista ao vídeo de "Lover, you should've come over" e vai me entender.

Sabe aquela amargura impressa no falsete do Thom York e que permeia toda a obra do Radiohead? Pois é... vem de Jeff Buckley.



Nessa semana, depois de ouvir bastante Moska, voltei a escutar o Grace e me apaixonei novamente. Por conta da relação com o Radiohead, também baixei o Kid A, disco que nunca tinha ouvido dessa banda. Eis que no sábado, ouço, de passagem, uma música de John Meyer e hoje, pra fazer esse post que você tá lendo, fui baixar um disco do cara e caí nesse site aqui ó: http://indicadiscos.blogspot.com/

O cara simplesmente resenhou exatamente o que ando ouvindo... Vou ter de baixar o Kings Of Convenience, que, confesso, não dei muita bola quando pintou...

Titereiros curiosos


A idéia é bem boa. Melhor do que o romance coletivo do Orkut que acabei desencanando de acompanhar.

O escritor Thales Guaracy é o personagem de um reality show 'inteligente' - a expressão é da Mona Dorf, do Trip Eldorado, por onde eu fiquei sabendo da história toda.

É assim: o romancista está, de terça a sábado, entre 11 e 19 horas, produzindo seu mais novo livro 'ao vivo' na Livraria da Vila. Os curiosos de plantão podem acompanhar a tarefa de perto e até dar palpites.

O livro ainda está no comecinho. Na verdade ele só escreveu o primeiro dia.

É possível também acompanhar pelo blog: http://oescritornalivraria.blogspot.com/

Hoje li o Dia 1 e gostei. O mote até me atraiu e o formato da coisa também. Mas depois que li a primeira parte me dei conta de uma metalinguagem implícita que me deixou ainda mais curioso.

O romance começa com a entrada do casal Flávia e Marson na cabana de uma cigana a fazer previsões e leitura de mão. Marson vai contrariado, pois acredita que o futuro é inexoravelmente consequência direta do que construímos e fazemos. Não acha que a previsão da cigana vá mudar alguma coisa. Aliás, nem acha que ela seja capaz de prever algo. O capítulo terminou com um suspense no ar. Ponto para o escritor.

Vou entrar à tarde para ver a sequência e 'descobrir', maravilhado, que o destino de Marson não está, de fato, na previsão da cigana e muito menos relacionado com o que ele fez ou construiu até então. Está na 'imaginação' dos leitores e curiosos que darão palpites pelo blog ou pessoalmente.

Já estou me programando para visitar a livraria...
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segunda-feira, dezembro 08, 2008

Piada mortal


Nunca esqueci a HQ "A piada mortal", do Batman. Li outros e gosto de vários. Mas esse me marcou. A tal piada mortal que aparece no desfecho é sensacional. Me fez ver as HQs de uma maneira diferente.

Batman é um de meus heróis prediletos. Traz no lado de fora o que muita gente tem por dentro. Perturbado, obscuro. Cruel.

"As 10 noites da besta", "O messias" e "O cavaleiro das trevas" são títulos do morcego que me impressionaram na adolescência. Gostei muito. De todos. Mas quando li "A piada mortal" dei uma pirada. Uma visão diferente das perturbações e loucuras do Coringa e da face dele diante de um espelho: o Batman. Recomendo todos, mas esse é mesmo muito bom.


Lembrei disso somente porque recebi hoje um link com outra piada mortal evolvendo a dupla. Achei mesmo muito bom. A convivência com o Coringa está deixando o senso de humor do Batman ainda mais afiado...

Se tiver um tempo, entre aqui ó: http://www.uhull.com.br/12/04/batman-em-contando-uma-piada-para-o-coringa/#more-17246

E morra de rir!

sexta-feira, dezembro 05, 2008

Não estão pensando...

Nessa semana a bola da vez no MP3 a caminho do trabalho tem sido o disco "Pensar é fazer música", do Paulinho Moska. Antigo. Lá do começo dos anos 90, do tempo em que ele ainda usava o "Paulinho". Foi por esse disco que conheci o trabalho do Moska - em carreira-solo, porque curti muito nos 80 ele e seu Inimogos do Rei com a sua "Barata chamada Kafka".
Qualquer dia eu posto alguma coisa do Moska aqui... Mas hoje ele só foi citado pelo título do álbum.
Acabei de chegar na redação e o amigo Waltão me mostra uma notícia publicada na gringa sobre o o guitarrista Gary Moore estar sendo processado por plágio. Tá, isso acontece, às vezes, e a 'desculpa' dos músicos até procede: "A gente ouve uma coisa aqui, outra ali. Acaba tendo a 'inspiração' de uma melodia ou harmonia e não identifica de onde ela veio". Pois é.
Ouvi a referida música e fiquei com o queixo caído. Dos casos de plágio que já vi - e já vi e ouvi muitos - achei dos mais gritantes. Simplesmente porque não se trata de 'sugestão'. É como cópia carbono.
Deixei pra fazer o post nessa tarde e antes do almoço pipoca na rede um outro caso. Dessa vez, com repercussão bem maior, já que envolve o guitarrista Joe Satriani e os milionários do Cold Play - estes são reincidentes, mas não vem ao caso.
O fato é que aí já é demais! Dois casos de plágio no mesmo dia? Hahahaha... A decadência da indústria fonográfica chegou à criatividade...
Como o caso do Gary Moore é bem mais gritante na minha opinião, escolhi postar as duas músicas em questão. A do guitarrista irlandês é simplesmente "Still got the blues", seu maior sucesso na carreira. Ouça aqui ó:





Agora veja a música "Nordrach I" da 'lesada' e desconhecida banda da Alemanha chamada Judys Gallery. Na verdade, o grupo alemão é dos anos 70, mas só conseguiu gravar o disco nos anos 2000. A faixa, porém, foi gravada na época numa coletânea radiofônica...
Como os caras de prog gostam muito de enfeitar antes de dizer a que vieram, deixe carregar o vídeo e vá direto à parte que interessa: a partir do momento 5:30...



Ah, você ficou surpreso? Então passa aqui ó: www.madmonsterland.blogspot.com e veja que o Waltão descobriu que a história entre Satriani e Cold Play ainda pode render muito... E não vai ser pro Satriani... Volto ao título do Moska e concluo: definitivamente, é preciso pensar mais.

quinta-feira, dezembro 04, 2008

A vida como ela não é

Desde que a net é net a gente recebe putaria - tanta, que depois de um tempo perde a graça -, correntes - há mais de 10 anos recebo um maldito texto com a mensagem que a AOL vai depositar US$ 0,01 na minha conta (que ela nem sabe qual é) para cada pessoa a quem eu encaminhar a famigerada mensagem - e crônicas. Muitas delas. E geralmente atribuídas a autores de renome, que, quase sempre negam essa procedência. Veríssimo e Jabor são campeões nessa modalidade.
Hoje recebi um texto atribuído a Woody Allen. Não sei se é. Mas gostei mesmo da idéia. O mais legal é que fiquei com uma sensação de déjà vu. Acho que tinha recebido isso há tempos... De qualquer jeito, certamente à época não notei que a sacada é mesmo bem boa. E tem a cara do "Bukowski contemporâneo" que é Woody Allen - um velho safado... Também identifiquei um 'Q' das Memórias Póstumas, do Machado, e gostei bem... Aparentemente seria realmente mais fácil viver assim. Aparentemente...



A minha próxima vida

Woody Allen

A minha próxima vida quero vivê-la de trás pra frente.

Começar morto para despachar logo esse assunto.

Depois acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a aposentadoria e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.

Trabalhar por 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo, e depois estar pronto para o secundário e para o primário, antes de virar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí viro um bebê inocente, até nascer.

Por fim, passo nove meses flutuando num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quarto a disposição e espaço maior dia a dia.

E depois - voilà! - desapareço num orgasmo!

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Da arte de (se) relacionar


Tenho dedicado bastante tempo de meus pensamentos de astronauta solitário para entender as relação humanas. Relacionar-se com o outro é, definitivamente, a tarefa mais difícil nesse planeta. Noutro dia falava com um conhecido sobre isso. Trabalhei com ele na mesma redação há tempos. Uns 3 anos atrás, mais ou menos. E me lembrava que o cara era casado, apesar da pouca idade. Papo vai, papo vem e perguntei da esposa. Ele respondeu que tinha se separado. "Não dava certo. Era muito bom em alguns pontos, mas em outros não teve jeito", ele comentou. "Relacionamentos são difícies", eu disse, sem querer entrar em intimidades e nem dizer um "sinto muito", que, de fato, não sentia. Se alguém tinha de sentir era ele... "No meu outro casamento era o contrário. O que era bom nesse último era ruim lá. Em compensação o que era bom lá era justamente o ruim daqui", complementou. "Pois é. Relacionamentos são difíceis", tive de repetir. Não só pela falta de coisa melhor pra dizer, mas pela constatação do fato. Relacionamentos são difícies. Pra caralho. E não falo aqui somente dos amorosos. Falo de todos. Porque os problemas de relacionamentos partem de um mesmo ponto: cada um é responsável por 50% da decisão apenas. O resultado da interação entre você e o outro, seja ele sua mulher, sua namorada, seu amigo, seu patrão, afeta você diretamente. Entretanto, você só tem o domínio sobre metade das causas desse resultado.
Boa parte de nossas frustrações vem justamente de esperarmos que o outro tenha a mesma reação ou pense como nós diante do mesma questão. Geralmente, não acontece assim. E simplesmente porque é outra pessoa, outra cabeça, outra mente. Outra maneira de reagir diante da mesma situação. Sem contar o fato de que essas interações acontecem simultaneamente e a todo momento.
Ontem, diante dessas frustrações, resolvi dar um tempo e parar de pensar no problema. Desci pra tomar um café - até fumei um cigarro depois de muuuuito tempo..., brinquei um pouco com um texto particular e resolvi papear no msn com amigão.

"E aí, meu velho?"
"Fala cara, tudo bom? Acabei de ser demitido"

Porra, o que se pode dizer pra um grande amigo numa hora dessas, além de um CARALHO em letras maiúsculas - ou 'caixa alta', pra não sair do jargão da profissão? Eu pedi a ele um currículo e comecei a acionar alguns conhecidos pra amenizar o problema. E enquanto fazia isso pensava comigo: a boa e velha interação com o outro agindo novamente. No caso, o outro foi o patrão. Você pode trabalhar, ser competente e querer o melhor para sua empresa. Se o patrão achar que você tem de ser demitido, você o será. Mesmo que não queira. Simplesmente porque você não tem o poder sobre essa decisão. O patrão tem. Há decisões sobre as quais você tem o poder e o patrão não. Nesse caso, a competencia é do patrão. Ponto.

Passei o restinho do dia tentando arranjar um trampo pro amigo e me conformando com minha falta de poder sobre as decisões dos outros em minha vida. As minhas decisões eu tomo. E banco. Nas dos outros posso, no máximo, opinar. E ainda assim, se solicitado, né?

Nessa manhã recebo o chamado no msn do baixista da minha banda, com a (certa pra ele) decisão de deixar o grupo. Porra, novamente me vi diante da grande questão. Que merda, não quero isso. Quero seguir com o conjunto, ainda mais agora que estava ficando bacana. Mas não é uma decisão minha. A minha eu tomei, que foi montar o grupo. A dele, ele tomou, que foi deixar o grupo. Apesar de a dele me afetar direta e 'nocauteantemente' não tenho o que fazer. Não tenho poder sobre as escolhas dos outros. Gostaria de ter, às vezes, mas não tenho.

Relacionamentos são mesmo difíceis.