quinta-feira, maio 28, 2009

Mentiras sinceras




No último final de semana estive num Sesc assistindo a mais um show de Kleber Albuquerque, cantor e compositor que eu admiro muito. Na verdade, acompanho o trabalho do cara há muito tempo. Desde 1994, quando ouvi pela primeira vez uma música dele na 'falecida' rádio Musical FM.

De lá pra cá muita água rolou e o cara já gravou vários CDs, um melhor do que o outro. As letras tocantes, interpretações viscerais e muita criatividade. Na linha de Zeca Baleiro, Lenine, Chico César e Moska. Aliás, acho o Kleber tão bom quanto - ou melhor - do que estes caras, mas a carreira dele simplesmente não decola. Mazelas do cenário musical brasileiro...

Ainda assim, ele tem fãs fiéis, vários, e sou um deles. Vou em quase todos os shows. Já virou piada entre os amigos: "Você é assessor do Kleber nas horas vagas?"

Pois bem. O show nesse final de semana, porém, era bem diferente: "Mentiras sinceras", uma homenagem a Cazuza. O projeto conta ainda com Luiz Gayoto e Stevan Sinkovitz, parceiros de Kleber.

Na adolescência eu ouvi muito Legião Urbana. As letras do Renato Russo me mostraram muita coisa nessa vida.

Gostava de Barão e depois do Cazuza, mas só parei pra prestar atenção nas letras do carioca quando ouvi "O tempo não pára" - naquele tempo tinha acento!

Lembro do próprio Renato Russo falando num show: "Sou um cantor numa banda de rock e alguns dizem que sou poeta. Eu vou falar de um carinha. Ele é do signo de áries. Ele gosta da Janis Joplin e dos Rolling Stones. Ele se chama Cazuza. E eu digo: ele é poeta"

Escolhi a verdade como ideologia de vida. Às vezes - quase sempre - não querem ouvi-la, mas como prefiro que usem comigo a verdade e somente a verdade, é isso que uso com os outros.

É uma espécie de ideologia. Entre outras.

E aqui o Cazuza teve papel importante na minha formação. Foi ele que me colocou na cabeça que eu precisava de - pelo menos - "uma" pra viver... Ah, ele também falou em "mentiras sinceras me interessam" e isso me deixava eufórico. "Que tirada inteligente", eu pensava...

Também lembro de ficar fascinado em ouvir de um cara que sabia que ia morrer, doente em fase avançada: "eu vi a cara da morte e ela estava viva".

Ele sabia mesmo o que tava fazendo.

Assista à aversão de "Eu queria ter uma bomba" feita para o projeto e me diz aí, o Cazuza manjava ou não da arte de fazer música?

terça-feira, maio 26, 2009

Lógicas e probabilidades


Há uns meses, lendo uma orelha de livro descobri que Lewis Carroll, o autor de Alice no País das Maravilhas, não era propriamente um romancista. O inglês era, na verdade, um matemático e nem tinha esse nome. Charles Lutwidge Dodgson usou o pseudônimo para publicar livros infantis! Quem diria, amante da lógica e da probabilidade, não previu que ficaria famoso e entraria para a história a reboque de sua 'criação'. O pseudônimo, é claro.

Bem, noutro dia uma amiga da faculdade me ofereceu uma versão de Alice no País das Maravilas, com tradução de Monteiro Lobato. Mesmo conhecendo a história, resolvi ler. Tinha interesse na versão do nosso nobre escritor para as palavras de Carroll.

De cara, constatei que Lobato escolheu muito bem essas palavras. Seguindo na leitura, me impressionei com o livro. Uma história curta e infantil, mas ao mesmo tempo intrigante e adulta.

Várias passagens com cara de 'normais' ou 'simples', mas que poem o leitor a pensar...

Alice, lá pelas tantas, reencontra o gato e pergunta:

"Seu gato, pode me dizer que caminho devo seguir?"

Então o gato responde:

"Isso depende de pra onde você quer ir"

E ela:

"Ah, não quero ir a nenhum lugar específico"

Ao que o gato diz:

"Então, qualquer caminho lhe serve"


Matemática pura! Lógica!

Pois é. A leitura foi muito boa e recomendo. Principalmente porque é bem rápida.

Há outras tantas passagem que nos fazem pensar, sempre mostrando que mesmo por trás da maior inocência pode haver algo mais. Para olhos que queiram enxergar...

segunda-feira, maio 25, 2009

À procura do timbre perfeito...


Pedais viram verdadeira mania entre guitarristas. Você sempre adquire um muito legal e depois de um tempo descobre que quer outro.

Atire a primeira palheta o guitarrista que estiver contente com seus timbres e não quer um pedal a mais no seu set up.

Daí você ouve Van Halen e seu som "achocolatado", depois escuta um Brian May, com aquilo que ele chama de guitarra, tirando um som cristalino e oprimido. Pronto! Já precisa de duas distorções diferentes. Se cair pro terreno de Adrian Belew e seus barulhinhos estranhos ou o Mattias Ia do Freak Kitchen, então...


Pois é... Espero um dia poder ter uma cadeia como a do camarada da foto aí. Bacana, né?

sexta-feira, maio 22, 2009

Homenagem




A música brasileira perdeu nessa madrugada Zé Rodrix. eu já gostava muito de "Sobradinho" e de "Roque Santeiro", da dupla Sá & Guarabyra, quando descobri que o Zé tinha feito parte da primeira formação, como trio: Sá, Rodrix & Guarabyra. Dele, eu só conhecia a "Casa no campo", pela voz da Elis Regina, mas fui procurar alguma coisa do trio.

Consegui um vinil com sucessos do trio, que ouvi por bastante tempo. Graças ao trabalho de garimpo do Chales Gavin, hoje tenho o álbum em CD.

"O blues da riviera", "Os anos 60", "Primeira canção da estrada", músicas que pertecem à trilha sonora da minha adolescência 'quase hippie'. Qual o adolescente que resiste a isso:

Primeira Canção da Estrada
(Sá, Rodrix & Guarabyra)

Apesar das minhas roupas rasgadas
Eu acredito que vá conseguir
Uma carona que me leve pelo menos à cidade mais próxima
Onde ninguém vai me olhar de frente

Quando eu tocar na velha guitarra as canções que eu conheço
Eu tinha apenas dezessete anos
No dia em que saí de casa
E não fazem mais de quatro semanas que eu estou na estrada

Mas encontrei tantas pessoas tristes desaprendendo como conversar
Que parece que eu estou carregando os pecados do mundo
Que parece que eu estou carregando os pecados do mundo
Que parece que eu estou carregando os pecados do mundo

Diz aí? Era como se o Zé falasse diretamente comigo...

Aí conheci a "Mestre Jonas". Minha predileta até hoje!

Além de poética, o teclado inspirado em "Sylvia", do Focus, me encantou desde a primeira audição. E faz muuuuuuuuito tempo. Até já disse que se tivesse um filho homem botaria o nome Jonas, muito devido a essa música.

Depois que conheci o som do trio, conclui que a dupla Sá & Guarabyra era bem legal, mas que o toque de genialidade vinha mesmo do Zé Rodrix. As músicas eram bem mais 'completas'.

Bom, o Zé foi encontrar com o Jonas. Vá com Deus.





Casa no campo
(Zé Rodrix)

Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais



terça-feira, maio 19, 2009

Escolhas e cores




Foi ontem. Em ritmo de fechamento, cheguei no conforto do lar 1h30 da madrugada... E com fome. Muita fome, pra variar. O jeito foi apelar pro microondas: arroz, feijão e linguiça - já devidamente sem o trema. Então, enquanto o rango esquentava, eu resolvi dar aquela zapeada básica de controle remoto, sabe? Pois é. Na Globo, um Jô Soares - irritante nos últimos tempos - me afugentou para o VH1, que passava um clipe de hip hop... Putz! Tentei a Cultura e não rolou... Pra voltar pra Globo passei pelo SBT e me deparei com uma daquelas pérolas que colocam pra pensar a mídia, mesmo você estando com fome e sendo madrugada. Era assim, a gostosa Helen Ganzaroli e um sujeito 'X' convidando o telespectador a participar de charadas por telefone, já viu, né? Aí a boasuda diz para seu coadjuvante: "É muito fácil, qualquer um pode ganhar. Olha um exemplo de pergunta: cobra é um animal que tem pernas?"
Tive um acesso de riso. Quase acordo minha filha, e fui salvo pelo bip do microondas, me avisando que era hora e pegar o rango. Coloquei na Globo novamente, para jantar em companhia de Jô Soares - na falta de coisa melhor.
Eis que novamente sou surpreendido por outro daqueles fatos que nos fazem pensar a eficácia da televisão. O Jô acabou e começou o Intercine. Pra minha alegria, os telespectadores da sexta-feira tinham escolhido para a madrugada de segunda-feira o filme brasileiro Filhas do Vento.
Eu nunca tinha ouvido falar desse longa, mas simplesmente adorei!

O filme usa uma família negra e pobre do interior de Minas Gerais para discutir questões como racismo, relacionamentos familiares e principalmente as escolhas que cada pessoa faz para sua vida.

Muito poético em seu texto e na fotografia e com posicionamento de câmera bastante interessante. Enfim, não tem nada ruim no filme. Nada! Acabei ficando até o final, 3h da madrugada, sem nenhum peso na consciência com o horário da faculdade no outro dia, porque o filme realmente é muito bacana.

Nos créditos ainda tive a surpresa de saber que o roteiro - um dos pontos mais altos do filme - é de Di Moretti, um roteirista amigo do amigo Hamilton e com o qual ainda não fiz o curso de roteiro por falta de tempo e verba.

Filhas do Vento foi o incentivo que faltava para juntar a grana e arranjar o tempo. Eu recomendo.

quarta-feira, maio 13, 2009

Corpo fechado 2


Ontem, no final do expediente, recebi um telefone do amigo Marcelo me convidando para ir andar no Parque do Ibirapuera. Bom, o papo com esse amigo é sempre muuuuuuuuuuito bom, mas tive de recusar porque a patroa tinha ligado minutos antes, convidando – leia-se intimando – a jantar em casa. A intimação, digo, convite, foi acompanhado de uma inteligente propaganda sobre os já conhecidos dotes culinários da senhora do lar. Sendo assim, recusei o convite do amigo Marcelo.

Eis que hoje, assim que abro os portais noticiosos dou de cara com a notícia que ontem à noite um carro desgovernada caiu no lago do Parque do Ibirapuera e no caminho simplemente atropelou um motoboy e uma moça que praticava exercícios...

Ainda bem que o cumpadre Marcelo está bem. Diante do fato, chamo o camarada no MSN e falamos do assunto, lá pelas tantas, sai a pérola:


Eu: “Cara, fiquei pensando na história do Ibirapuera. Que absurdo. Cê viu de onde a mina desceu?”


Ele: “Vi. De perto do monumento do Cabral. Logo depois do farol da Assembléia”


Eu: “Pois é... cena de filme”


Ele: “Semana passada, a Disney estava filmando em Nova York um filme com o Nicolas Cage. O dublê perdeu o controle de uma Ferrari e porrou o carro numa vitrine. Aqui nós temos um C3 que cai no fétido lago do parque. Cada um tem a "cena de fime" que merece.


Meu amigo e seu eterno bom humor...

segunda-feira, maio 11, 2009

Bobagens, meu filho, bobagens...


A semana passada foi campeã no quesito bobagens. Só de frases esdrúxulas e - literalmente - malditas de governantes e afins tivemos um sem-número. É isso mesmo que você está pensando: mais de cem.

O nosso presidente tinha começado a sessão cretinice reafirmando que considera hipocrisia a discussão sobre o uso de passagens aéreas pela câmara. Faça um teste e digite no Google as palavras "Lula + hipocrisia". Você vai ver que não é a primeira vez que nosso presidente usa o termo para acabar com uma discussão. Aliás, ele já virou mestre em usar essa palavra. É uma espécie de metalinguagem. Com aquela hipocrisia que lhe é peculiar ele sai com o termo a torto e a direito para rebater acusações, evitando assim, maiores manifestações sobre os casos... Se é hipocrisia agora, vai ser no próximo mandato. E no próximo. E no próximo... Fudeu, né? Nunca mais vai ser mudado isso... E agora presidente?

Bom, dias depois, o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) saiu-se com a pérola de estar "se lixando para a opinião pública". Essa dispensa maiores comentários...

Mas pouco se falou da declaração de Roberto Jefferson, feita entre a do presidente Lula e a do relator do conselho de ética - o mais legal é que ética é sempre questão de ótica, saca?. O líder do PTB, Roberto Jefferson, soltou uma verdadeira afronta a inteligência de qualquer interlocutor. Entre outras costumeiras asneiras, sobre o terceiro mandato do presidente Lula e tals, ele disse que "considera que a justiça foi feita no caso do Mensalão, já que o esquema foi desfeito". Genial, não? Uma ótica distorcida para uma ética deturpada... Amo o jornalismo que faço, mas às vezes gostaria de fazer jornalismo político, para ouvir uma bizarrice dessa às vésperas do dias das mães, e então perguntar:
"Senhor Roberto, já que a data está próxima vou usar uma mãe como exemplo, e já que o senhor é político, vou usar a mãe de um político. Ok? Qualquer um, tá? Não necessariamente o senhor. E não necessariamente sua mãe. Mas seguindo esse raciocínio, um sujeito que passasse 365 dias de um ano estuprando a tal mãe de um político, tendo sido descoberto e fugido do país, teria a justiça sido feita pelo fato de o estuprador não estar mais fudendo a puta velha?


Obs: o velha é porque mães de políticos são geralmente de idade avançada e o puta é pelos filhos que elas têm.

sexta-feira, maio 08, 2009

Corpo fechado


Após adiar estreia, Hugh Jackman vai ao México lançar "Wolverine"


A manchete tá na Folha On Line...

Nada como ser imune, né?