Nunca estive na Bahia. Pra falar bem a verdade, do Nordeste inteiro, conheço Sergipe, onde estive quando tinha menos de dois anos de idade, e Pernambuco, onde fui a trabalho num rapidíssimo par de dias. Em breve, vou pra Fortaleza, no Ceará, também pra trabalhar.
Mas ainda não conheço a Bahia! E tive saudade da Bahia. Sim! Em todas as vezes que toquei (tentei tocar, é melhor, né?) “Saudade da Bahia”, de Dorival Caymmi, senti mesmo uma pontada de emoção, uma vontade de conhecer o que tanto tinha encantado o compositor.
Ai, se ter saudade é ter algum defeito
Eu pelo menos, mereço o direito
De ter alguém com quem eu possa me confessar”]
“Vejam que situação
E vejam como sofre um pobre coração
Pobre de quem acretida
Na glória e no dinheiro para ser feliz”
Gosto mesmo dessa música. E de outra meia-dúzia por ele composta. Lembro-me de aos 13 anos, numa viagem à praia com um amigo da escola, o Pantcho, de dizer a ele, enquanto estávamos lá no fundo onde nem dava pé, que aquilo me lembrava Dorival Caymmi. Ele perguntou qual a música...
“É doce morrer no mar” cantarolei. E ele respondeu, saindo de braçada para o raso, “Sai fora, Heverton!”
“Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina, você já é bonita
Com o que deus lhe deu”
No final, peguei um gosto especial pela canção, quase certo pelo trecho:
“Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outra igual
Desculpe, marina, morena
Mas eu tô de mal”
O ‘de mal’ do final é tão nordestino, que me lembrava mesmo minha infância, com minhas vizinhas maquiadas e meus tios e tias recém-chegados de lá. ‘Nossa, essa frase é bem baiana’, pensei logo que ouvi.
E sempre que posso paro pra dar uma ouvidinha nos versos de Caymmi. Quando soube de sua morte imediatamente pensei na Marina e em seguida tive saudade da Bahia!