segunda-feira, agosto 18, 2008

Adeus, Caymmi


Nunca estive na Bahia. Pra falar bem a verdade, do Nordeste inteiro, conheço Sergipe, onde estive quando tinha menos de dois anos de idade, e Pernambuco, onde fui a trabalho num rapidíssimo par de dias. Em breve, vou pra Fortaleza, no Ceará, também pra trabalhar.

Mas ainda não conheço a Bahia! E tive saudade da Bahia. Sim! Em todas as vezes que toquei (tentei tocar, é melhor, né?) “Saudade da Bahia”, de Dorival Caymmi, senti mesmo uma pontada de emoção, uma vontade de conhecer o que tanto tinha encantado o compositor.


“Ai, esta saudade dentro do meu peito
Ai, se ter saudade é ter algum defeito
Eu pelo menos, mereço o direito
De ter alguém com quem eu possa me confessar”]

Bonito, né? E esse ó:

“Vejam que situação
E vejam como sofre um pobre coração
Pobre de quem acretida
Na glória e no dinheiro para ser feliz”

Já nem tem nada a ver com a Bahia, mas é uma verdade inspiradora... Pois é. Caymmi se foi. Aos 94 anos resolveu descansar de vez, não mais à moda baiana, na rede... Nossa, deu saudade da Bahia...

Gosto mesmo dessa música. E de outra meia-dúzia por ele composta. Lembro-me de aos 13 anos, numa viagem à praia com um amigo da escola, o Pantcho, de dizer a ele, enquanto estávamos lá no fundo onde nem dava pé, que aquilo me lembrava Dorival Caymmi. Ele perguntou qual a música...


“É doce morrer no mar” cantarolei. E ele respondeu, saindo de braçada para o raso, “Sai fora, Heverton!”


Não era morbidez... Era a imagem fotográfica que o vozeirão grave de Caymmi estampara na minha mente com sua canção. E com seu violão particular. Acordes dissonates que soavam com não fossem... O baiano conhecia do assunto


Também nunca gostei de maquiagem em excesso. No começo dos anos 80, tinha uns cinco anos de idade e morava num quintal no qual havia cinco casas. Numa delas moravam vizinhas - baianas, eu bem me lembro - que apesar de atributos que atraiam vários namorados - eu também me lembro bem - adoravam se empetecar em demasia. Eu achava estranho. Bem estranho. Ficava assustado. E associei pra sempre maquilagem gritante a essas vizinhas.


“Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina, você já é bonita
Com o que deus lhe deu”

E quando ouvi Caymmi os versos acima, entendi perfeitamente o que ele sentia. Anexei aos "Favoritos". Aprendi a tocá-la no violão e sempre que estou brincando de MPB passo pela "Marina" com entusiasmo.

No final, peguei um gosto especial pela canção, quase certo pelo trecho:


“Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outra igual
Desculpe, marina, morena
Mas eu tô de mal”


O ‘de mal’ do final é tão nordestino, que me lembrava mesmo minha infância, com minhas vizinhas maquiadas e meus tios e tias recém-chegados de lá. ‘Nossa, essa frase é bem baiana’, pensei logo que ouvi.


E sempre que posso paro pra dar uma ouvidinha nos versos de Caymmi. Quando soube de sua morte imediatamente pensei na Marina e em seguida tive saudade da Bahia!

sexta-feira, agosto 15, 2008

Solos e solos

Se você abriu o blog agora, no final de semana, vai dar de cara com esse vídeo aqui do Paralamas.
Bom, ele está aqui simplesmente porque estou ouvindo no carro o CD Vamo batê lata - bom pra caralho - e me lembrei de quanto gosto do solo de "Lanterna dos afogados". É um dos mais bonitos que já ouvi na vida e sem dúvida um dos melhores da guitarra nacional!

Curta o Paralamas e se não quiser ouvir a música inteira, deixe carregar e pule para o frame 3:20, é quando começa o referido solo... E a Paula Toller chegou a dizer que os solos de guitarra do cara não iam conquistá-la, hein?

Falando em solos de guitarra, você também vai reparar que logo abaixo aparece o mestre Satriani com sua mais famosa música, "Always with you, always with me". Outra aula sobre a arte e o prazer de tocar esse instrumento que, já deu pra perceber, eu tanto gosto!

Mas não é muita coisa dois posts com solo de guitarra seguidos? Também acho! Mas se você leu o post sobre o problema com as cores no blog e viu que o azul berrante sumiu definitivamente, entendeu que o tal servidor do Blog resolveu se acertar comigo, né?

Pois é. Ele também resolveu botar no ar esse post do Satch, que foi feito há semanas e por algum motivo que só o nosso amigo servidor conhece não entrou no ar.

As cores estão certas agora. Adoro o Satriani e o Paralamas do Sucesso. Então, posso dizer que realmente não tenho do que reclamar! Divirta-se...



Joe Satriani - Always With Me, Always With You (Live)

Lado negro da força


Os poucos freqüentadores assíduos desse blog já devem ter notado a salada de cores que a página de abertura virou... Por um problema técnico, as lista de posts anteriores e de blogs vizinhos aparecem em letra 'azulejantemente' gritante! Um horror, eu sei! E já tentei de tudo. HTML – conheço bem pouco, mas a ferramenta é bem pra chimpanzé mesmo – mudança de tipo de Esquema do blog... Tudo que se possa imaginar. Na verdade, consegui melhorias. Quem clica em qualquer post antigo vê as novas cores, (bem) mais amenas e tals... Mas na maldita página principal, só o azul berrante – passa perto de exuberante, mas não é. Nem um pouco...
A solução teria de ser mesmo radical. Um blog com fundo branco ou cinza agrediria muito menos a vista do visitante...se é que ele vem mesmo...
Mas a opção pelo fundo preto não é meramente estética. Quem conhece o Blackle, versão negra da ferramenta de pesquisas mais usada no universo, o Google, sabe! Telas pretas economizam energia. A explicação requer pesquisa mais apurada... Por hora, basta dizer que pra exibir uma tela branca o monitor do seu computador gasta MUITO mais energia do que pra mostrar uma tela preta... A minha ferramenta de busca no Favoritos é o Blackle, já há um bom tempo. Quem quiser tentar a sorte, é aqui ó: www.blackle.com/
É quase igual, mas quando você procura resultados 'no mundo'. Para páginas em português a coisa complica... Mas o pouco que você economizar já é válido, né não?
Há outras opções nesse sentido. O meu wallpaper, mesmo, já foi removido. Uso a opção “NENHUM”. E onde escolho a cor do tal ‘nenhum’ optei pelo preto. Há nisso também um gosto pela cor. Adoro preto...
Bom, tudo isso pra explicar o seguinte: agora, tento um azul marinho – meio tosco também, eu sei – e vou deixar uns dias pra ver o que acontece com o “azulberrante” das listas laterais.
De qualquer forma, se você passar por aqui numa outra ocasião e encontrar o blog com fundo branco, não se assuste. Você não terá entrado no endereço errado. Será apenas o indício de que a minha paciência perdeu a briga em tentar acertar essas cores.
Por outro lado, se vir uma tela com fundo preto, você terá três certezas: eu venci essa “pequena guerra” contra um sistema em fase de testes; você está no endereço certo e por fim: eu estou economizando a energia que posso!
Ah, só pra lembrar, quando deixar sua mesa pra fazer qualquer coisa por aí, desligue o monitor... É só questão de hábito.

segunda-feira, agosto 11, 2008

Ela viu o mar



Foi na semana passada. Uma imagem de emocionar. A pequena Sofia conheceu o mar e ficou perplexa. Uma contemplação sigilosa. Silenciosa. Concentrada, até. Estávamos em Ilhabela, na casa gentilmente cedida pelo amigo Hamilton - ele já apareceu aqui e vai aparecer mais vezes...

Foi um final de semana relaxante. Até sem sol, foi revigorante. A tranquilidade e a distância da grande metrópole me fizeram muito bem, mas o melhor momento foi mesmo o grande encontro.

Sempre fui fascinado pelo mar e seu tamanho. E fiquei comovido em ver a primeira impressão da Sofia diante daquela imensidão.

Antônio Calado usou em seu Quarup a metáfora de que o índio é um homem em branco, como um livro, a ser escrito. Imaginei na hora a mente da pequena Sofia absorvendo aquela informação visual pela primeira vez.

A carinha séria me faz pensar que foi um processo de bastante surpresa e emoção. Ela nunca fica tanto tempo parada diante de algo... Está sempre se mexendo e geralmente rindo – aliás, com um sorriso lindo.

Isso vai ficar pra sempre com ela. Tenho certeza. Estive em Sergipe, terra de minha mãe, quando era bem criança. Menos de dois anos de idade. Não lembro de nada, a não ser do vestido amarelo de detalhes que minha tia vestia - era a mesma estampa da malinha mágica do gato Félix, que eu adorava - e do mar. Uma onda, na verdade...mas me lembro, e olha que faz muito tempo.

Tenho certeza de que a Sofia vai carregar aquele instante na memória. E eu também. Foi mesmo mágico. O mar conheceu a Sofia e ela o contemplou. Eu estava lá. Vi o mar como nunca o tinha visto antes. E conheci uma Sofia que ainda não conhecia.

quinta-feira, agosto 07, 2008

Centenário da imigração



Então, o cara aí em cima é o Eddie Van Halen, guitarrista da banda que leva seu sobrenome. O primeiro disco da banda saiu em 1978 e botou pra quebrar. Pelo anacronismo que já citei lá no post do Watchmen, eu só tinha dois anos de idade e não pude ouvir :(, mas imagino o que aconteceu com quem ouvia rock nesse ano e se deparou com o esse disco.
A história da guitarra é dividida em antes e depois dele, só pra começar a conversa...
Eddie mostrou ao mundo uma nova linguagem para o instrumento, algo só visto quase 20 anos antes, com Jimmi Hendrix.
Alavancadas, harmônicos, riffs de cordas soltas, os tappings (mão direita batendo no braço da guitarra) e as passagens ultra-rápidas, batizadas pela imprensa especializada da época como “shredding guitar”. Olha aqui a definição: http://en.wikipedia.org/wiki/Shred_guitar
Se você está se perguntando por que eu tô falando tudo isso, pra que te importa saber o que é shred, e o que isso tem a ver com o título do post, eu também não sei.
Mas hoje, aqui na redação, o amigo Walter estava assistindo a um vídeo de dois japoneses malucos que arrasam num tradicional instrumento japonês. Os caras tocam de uma maneira bem diferente, que deve fazer arrepiar os cabelos dos orientais mais tradicionais. Eles até gravaram as trilhas para um jogo de Nintendo Wii.
Eis que chego perto do Waltão e pergunto: “Cara o que é isso que você está vendo?”
A resposta, curta e grossa, inspirou um post: “São os shreds do okotô!”
Sensacional!

quarta-feira, agosto 06, 2008

Soneto



Li há pouco na net que o The Verve resolveu voltar depois de 10 anos.


Caramba, faz tudo isso que os caras saíram da ativa? Estou surpreso! Ainda outro dia ouvia algumas boas canções desses ingleses e pensava que a banda tinha acabado havia cerca de três ou quatro anos no máximo. Pois é.


A supresa me fez pensar na música dos anos 90. Agora, vista daqui dos anos 2000 – quase fim deles –, até que foi bem boa. Na época, não parecia tão legal ou importante. Quando surgiu o Radiohead, por exemplo, não dei a menor atenção. Estava mais ligado nos rocks dos anos 70 e nas MPBs de Caetano e afins – alguém pensou em Kleber Albuquerque?


De qualquer forma, o The Verve, aclamado à época como a grande maravilha pós-moderna da música rock até que agradava. “Bitter Sweet Symphony”, já do terceiro disco (1997), é uma boa música, muito embora o nome seja melhor ainda, e a participação dos Stones Jagger e Richards, em sample, dê aquela abrilhantada...

Mas a minha predileta desse disco – e dessa banda – sempre foi Sonnet. Ela mostra toda a tristeza e delicadeza do cérebro Richard Ashcroft, guitarrista, vocalista e líder do Verve. No final, nem no seu aclamado disco-solo ele conseguiu expor tão bem os seu interior...

A música está aí no vídeo “gentilmente” cedido pelo Youtube. O mais legal é que essa faixa me faz pensar no nome da banda, mas em português, mesmo.


O Houaiss explica:

Acepções
substantivo feminino
1 entusiasmo e inspiração que animam a criação e o desempenho do artista, do orador, do poeta

O curioso é que em dicionários de inglês, a palavra está mais relacionada com vivacidade. Olha o Michaelis:

n 1 verve, entusiasmo, arroubo. 2 vivacidade. 3 energia.

Há de se concordar que em português o nome faz mais sentido. Ou não, como diria o outro – vocês sabem quem...

Clique no vídeo porque Sonnet é mesmo uma boa música. E foi pra isso que esse post foi feito!


terça-feira, agosto 05, 2008

Parabéns, pai!


Hoje é aniversário do Cidão! Um cara muito importante na minha vida, sabia? O primeiro e único herói que tive - nossa, preciso assistir ao Batman...

Mas herói de carne e osso, mesmo, só o Cidão! Ele está fazendo 56 anos e me dei conta que o tempo realmente passa. E rápido. Ele já tem um filho de 31 anos... Mas ainda é - sempre será - "O" cara. Centrado, calmo, inteligente, desencanado e curioso.

Tenho certeza que vem dele essa inquietação em descobrir e aprender, que acabou me levando para o jornalismo. Até lembro de um dia em que eu era bem novo, ainda no ginásio, e disse a ele que queria ser escritor. "Então, você tem de ser jornalista, filho". Olha, escritor não virei, pelo menos por enquanto, mas vá dá conselho bom assim lá longe.

Virei jornalista, amo a profissão e apesar dos pesares sou bem feliz com ela. Conselho do papai!

Adoro quando vejo nos olhos dele um certo orgulho por ter um filho jornalista, com curso superior. "Formado", como ele disse emocionado no dia que concluí a universidade. "Parabéns, filho. Sei que você lutou muito por isso e estou orgulhoso." Mal sabia que o culpado era ele, que me incentivou desde sempre...

Quem já viu um pai dar pra um filho de 10 anos um livro com o nome de "O rei dos paus"? E dizer: "Leia que é bem legal. E depois veja esse aqui, ó", apontando "As sandálias do pescador" - esse era bem melhor!.

À noite, chegava do trabalho e sempre perguntava: "Leu hoje?" E eu ficava me perguntando por que ele queria que eu lesse uma história onde garotos ficavam medindo os tamanhos de seus pênis... Depois vi que na verdade, pra ele, o que importava era que eu lesse. Qualquer coisa...

E a imersão na política? Aprendi quem era Franco Montoro e quem era Maluf - com tudo o que essa frase traz implícito - desde muito cedo!

Deu um duro danado pra montar a coleção Conhecer Universal, tudo pra mim. Em tempos sem internet, essas enciclopédias eram mesmo uma mão na roda e eu aprendi um bocado de coisa por ali.

Mais tarde, me presenteou com a assinatura de uma revista que chegava ao mundo: "Superinteressante". A capa com o holograma do cavalo marinho ainda brilha em minhas lembranças.

É isso. Um grande cara. Eu sei. E sei que quem o conhece também sabe. Agora que é avô - de duas netinhas lindas - está melhor ainda. É só sorriso...

Aliás, gosto bastante quando ele pega minha filha no colo. Eu não me lembro de quando ele me segurava assim, mas tenho certeza que era com o mesmo cuidado e o mesmo amor. Posso até sentir na hora...

Um grande cara, que me ensina a cada encontro algo novo sobre a vida!

Parabéns paizão! Muitos anos de vida e obrigado por tudo!

Te amo!