sexta-feira, novembro 14, 2008

Feel good band



Dois posts abaixo falei sobre um papo com o mano Hamilton e os Feel Good Songs, aquelas músicas que te levantam o astral. Comentei que o que gerou a discussão foi uma música do R.E.M. E, se você não leu, pode fazê-lo depois de acabar aqui. É sexta-feira, né? Dá pra dar uma enrolada no trampo...
Mas voltando ao R.E.M., eis que na terça-feira o já exaustivamente mencionado amigo me liga pra saber se conseguiria ir ao show com ele. Não sou fã de R.E.M. Conheço algumas músicas. Não tenho nenhum CD deles... Mas gosto. Moderadamente. A voz do Michael Stype é bem boa mesmo. E, no quesito originalidade os caras são mesmo bons. Conhece alguma outra banda que soe parecido com eles? Pois é...
Eu não ia no show, mas diante do convite me animei, mas o credenciamento estava encerrado. A Miroca, do Via Funchal, não tinha nem um convitinho pra fornecer a um jornalista. A profissão já deixa subentendida a falta de recursos para ver um showzinho... Mas ela tem as compensações. Além de permitir que eu dirija, às vezes, carros que só compraria se mudasse de ramo, também oferece mimos bacanas como ver o show do R.E.M. convidado pela Volkswagen! O telefonema chegou exatamente quando desliguei da Miroca em busca de uma entrada, é mole? Era um sinal.
O camarada ficou feliz com a companhia e lá fomos para o Via Funchal apreciar o som singular e as letras sentimentais do engajado grupo da Geórgia. Ele estava empolgado. Eu, interessado na cerveja - seis pratas por uma latinha é uma verdadeira extorsão, mas quem tá na chuva...
Com copo na mão, bigode de espuma e o gosto da cerva na boca, circulo em meio ao mais diversificado público que se pode imaginar num show de rock. Estranhamente todos têm o mesmo semblante de gente feliz. Vou a muitos shows e sempre encontro de "wanna be" a metaleiro deprimido, passando por tiozinho deslocado e coroas manguaçadas - a observação é um hábito que se pratica com afinco quando se circula na platéia de shows de rock; todo mundo quer ser visto e faz o possível pra isso.
A banda entra. Um par de guitarras Rickenbacker - como as usadas por Lennon e Harrison, nos Beatles - dá o tom peculiar do grupo que só tem 'sono' no nome. O vocalista entra feliz e de franga solta - desde que saiu do armário ele realmente parece mais feliz com a vida - e põe sua voz a serviço de uma canção desconhecida pra mim, mas não menos empolgante que as que aprecio.
Ao final da primeira me vejo obrigado a comentar. "Há tempos não me dedicava a apreciar um show de canções em de vez de prestar atenção aos virtuosismos e solos. Ainda bem que eu vim."
Depois dessa música, vários hits. "Drive", "One I love", "Everybody hurts", "Imitation of life" e muitas outras. Os caras entedem de show ao vivo. O volume não exagerado permitia a perfeita compreensão dos detalhes sem a perda da pegada roqueira. Ponto pra banda e pra casa. Shows com som ruim são praxe no Brasil...
Aos poucos comecei a cantarolar as que conheço e quando percebi estava bem empolgado com "Is the end of the world". Ao final do refrão, com um soco de esquerda no ar e já depois do segundo copinho da tal cerveja da marca "tungo", me liberto gritando o "...and I feel fine.."
Nessa hora, um insight. R.E.M. é uma Feel Good Band! Não houve uma só canção tocada durante a hora e meia de show que não tenha empolgado o público. Mesmo as mais deprês baladas de letras tristes que nos fazem pensar acabam deixando uma sensação de bem estar.
E assim foi até o hit "Losing my religion", uma das últimas, que lembrou os bailinho de escola ginasial e as danceterias da adolescência.
Um show emocionante, com direito a incusões políticas mencionando a vitória de Obama nas eleições americanas e frase de impacto sem o engajamento excessivo de Bono e sua turma.
Os caras sabem mesmo fazer música. Seguem a receita à risca para que a canção cumpra seu objetivo: fazer com que as pessoas se sintam bem, mesmo enquanto esperam o fim do mundo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Há muito tempo não ficava arrepiado com um show; a sensação foi exatamente como você descreveu! Valeu! Pelo ingresso, pela companhia e pelo post!

Walter Junior disse...

Arriemi, arriégua!Imagino vc se soltando no show. Enfim, o que vale é o espírito "feel good sound".