
Sempre penso nas pessoas que eram jovens ou adultos em épocas de grandes acontecimentos históricos. Deve ter sido sensacional presenciar eventos importantes do século XX, por exemplo. A revolução Russa, o advento do cinema e depois da televisão. Descobertas incríveis da humanidade que mudaram a história pra sempre. Nessas reflexões concluo que raras vezes os observadores da história "em movimento" se dão conta da grandiosidade do fato observado – salvo, claro, aqueles diretamente envolvidos em cada questão.
Bom, sendo de uma geração nascida em meados dos 70, eu tenho poucas lembranças de ter visto nascer coisas REALMENTE importantes para a humanidade. Já falei aqui da espécie de anacronismo que sinto quando considero as coisas que gosto e a época em que nasci. Adoraria, por exemplo, ter sido adulto na década de 80... Tanta coisa legal – o cubo mágico e o hard rock americano, só pra ficar nos mais evidentes – e eu era muito garoto pra curti-las...
Essa sensação de não ver nascer coisas importantes para o mundo tem um pouco a ver com isso.
Mas me orgulho, por exemplo, de ter visto a Internet nascer. Eu faço parte praticamente da primeira geração de usuários – e pude acompanhar o brutal crescimento dessa mídia. Outra coisa legal que vi foi o advento do celular. Sensacional! Mudou mesmo a vida da humanidade. Como disse, não vi a chegada da TV, mas nem ligo. Prefiro a TV de agora, então não penso que tenha perdido muita coisa...
A chegada do homem à Lua sim. Essa eu queria ter visto ao vivo. Deve ter sido mesmo incrível - principalmente para aqueles astronautas, hein? Também presenciei o 11 de setembro, que pensei mesmo ter sido, apesar de trágico, um fato daqueles que mudam a história pra sempre, entretanto, hoje, 11 de setembro, a humanidade parece preferir esquecer esse dia. Nem o New York Times fez referência à data. Olha a capa de hoje: http://www.nytimes.com/indexes/2008/09/11/pageone/scan/index.html
Talvez não seja mesmo uma boa idéia ficar mexendo em feridas, ainda mais essas não totalmente cicatrizadas, como sabemos.
Mas esse não é um post sobre relações internacionais e sim sobre as descobertas e eventos da humanidade que realmente fizeram diferença na história.
E ontem foi o dia de colocar pra funcionar o LHC, o grandioso acelerador de partículas construído entre a França e a Suíça, que deve provocar colisões entre partículas em deslocamento à velocidade da luz e estudar as energias liberadas nessas “trombadas”.
Sou impressionado com a magnitude do projeto: um túnel circular com quase 30 quilômetros e que levou mais de 20 anos pra ser construído. E me excitam os possíveis resultados. A idéia é observar os primeiros “momentos” – microssegundos – após essas colisões, estudar o que pode ser uma simulação do “big bang”, pra descobrir como o universo se comportou nos seus primeiros passos de existência... A busca é pelo chamado Bóson de Higgs, uma partícula inédita e hipotética, de importância inversamente proporcional a isso: ela será a prova do modelo da Física atual. Olha a definição para mortais como nós: http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3son_de_higgs
Desde a primeira vez que li sobre o LHC pensei duas coisas: a primeira é que queria ver isso de perto. Não deu, né? Mas olha o filminho que eu achei mostrando como foram os testes...
A segunda constatação foi que esse LHC poderia abrir um buraco negro que engoliria a própria Terra. Mas aí achei que eu estava mesmo sendo alarmista e paranóico. Ontem, entretanto, fiquei sabendo que esse medo não era uma exclusividade minha. Olha o texto publicado na Folha On Line: www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u443261.shtml
Bom, é isso. O LHC funcionou, partículas colidiram, o bóson de Higgs não pintou, e também não se criou nenhum buraco negro. Mas é assim. No futuro saberemos da importância dessa máquina. O importante é o seguinte: a busca por nossa origem deu ontem um passo gigantesco e eu (e você também) presenciei esse fato.
Nenhum comentário:
Postar um comentário