quinta-feira, setembro 11, 2008

Meninos, eu vi!



Sempre penso nas pessoas que eram jovens ou adultos em épocas de grandes acontecimentos históricos. Deve ter sido sensacional presenciar eventos importantes do século XX, por exemplo. A revolução Russa, o advento do cinema e depois da televisão. Descobertas incríveis da humanidade que mudaram a história pra sempre. Nessas reflexões concluo que raras vezes os observadores da história "em movimento" se dão conta da grandiosidade do fato observado – salvo, claro, aqueles diretamente envolvidos em cada questão.
Bom, sendo de uma geração nascida em meados dos 70, eu tenho poucas lembranças de ter visto nascer coisas REALMENTE importantes para a humanidade. Já falei aqui da espécie de anacronismo que sinto quando considero as coisas que gosto e a época em que nasci. Adoraria, por exemplo, ter sido adulto na década de 80... Tanta coisa legal – o cubo mágico e o hard rock americano, só pra ficar nos mais evidentes – e eu era muito garoto pra curti-las...
Essa sensação de não ver nascer coisas importantes para o mundo tem um pouco a ver com isso.
Mas me orgulho, por exemplo, de ter visto a Internet nascer. Eu faço parte praticamente da primeira geração de usuários – e pude acompanhar o brutal crescimento dessa mídia. Outra coisa legal que vi foi o advento do celular. Sensacional! Mudou mesmo a vida da humanidade. Como disse, não vi a chegada da TV, mas nem ligo. Prefiro a TV de agora, então não penso que tenha perdido muita coisa...
A chegada do homem à Lua sim. Essa eu queria ter visto ao vivo. Deve ter sido mesmo incrível - principalmente para aqueles astronautas, hein? Também presenciei o 11 de setembro, que pensei mesmo ter sido, apesar de trágico, um fato daqueles que mudam a história pra sempre, entretanto, hoje, 11 de setembro, a humanidade parece preferir esquecer esse dia. Nem o New York Times fez referência à data. Olha a capa de hoje: http://www.nytimes.com/indexes/2008/09/11/pageone/scan/index.html

Talvez não seja mesmo uma boa idéia ficar mexendo em feridas, ainda mais essas não totalmente cicatrizadas, como sabemos.

Mas esse não é um post sobre relações internacionais e sim sobre as descobertas e eventos da humanidade que realmente fizeram diferença na história.
E ontem foi o dia de colocar pra funcionar o LHC, o grandioso acelerador de partículas construído entre a França e a Suíça, que deve provocar colisões entre partículas em deslocamento à velocidade da luz e estudar as energias liberadas nessas “trombadas”.
Sou impressionado com a magnitude do projeto: um túnel circular com quase 30 quilômetros e que levou mais de 20 anos pra ser construído. E me excitam os possíveis resultados. A idéia é observar os primeiros “momentos” – microssegundos – após essas colisões, estudar o que pode ser uma simulação do “big bang”, pra descobrir como o universo se comportou nos seus primeiros passos de existência... A busca é pelo chamado Bóson de Higgs, uma partícula inédita e hipotética, de importância inversamente proporcional a isso: ela será a prova do modelo da Física atual. Olha a definição para mortais como nós: http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3son_de_higgs

Desde a primeira vez que li sobre o LHC pensei duas coisas: a primeira é que queria ver isso de perto. Não deu, né? Mas olha o filminho que eu achei mostrando como foram os testes...


A segunda constatação foi que esse LHC poderia abrir um buraco negro que engoliria a própria Terra. Mas aí achei que eu estava mesmo sendo alarmista e paranóico. Ontem, entretanto, fiquei sabendo que esse medo não era uma exclusividade minha. Olha o texto publicado na Folha On Line: www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u443261.shtml

Bom, é isso. O LHC funcionou, partículas colidiram, o bóson de Higgs não pintou, e também não se criou nenhum buraco negro. Mas é assim. No futuro saberemos da importância dessa máquina. O importante é o seguinte: a busca por nossa origem deu ontem um passo gigantesco e eu (e você também) presenciei esse fato.

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