Tá, eu confesso que dei mole. Mas ser pego de surpresa foi ainda mais perturbador, no bom sentido da palavra, se é que me entendem.
Sabe aquele excesso de informação que te bombardeia frenéticamente e você se ilude achando que está informado mas não tá ligado na parada que importa? Então, assim aconteceu com o Distrito 9.
Eu tava de boa na estação do metrô Praça da Árvore, ali na plataforma mesmo, esperando o cata-loko das 22 e tantas, de notebook nas costas, com as pernas cansadas depois de uma dia exausto, ouvindo um som nos fones - a quem interessar possa, era MUSE, Origin of Symmetry - e de repente vi um cartaz bizarro com um monstro estilo Cloverfield 'enquadrado' naquele círculo vermelho (que bizarro isso de enquadrar no círculo, mas vamo em frente) com uma faixa na diagonal e a singela frase: "Areá imprópria para não-humanos" numa tradução mais do que livre.
Quando me dei conta do cartaz, ali separando o trem que vinha do trem que ia, já era tarde: o trem chegou e tapou minha visão... Ainda tentei olhar de esgueio, mas nem rolou. Era tipo esse ó:
passagem tempo - mais de uma semana depois...
O brother Waltão - esse aqui ó: madmonsterland - me chama na madrugada no MSN e solta: "Assisti a um filme que você vai pirar, é sensacional, se chama distrito 9" e sapecou o link do trailer.
De testa, reconheci o cartaz, senti um arrepio e achei genial a ideia do roteiro. Fiquei a fim de ver e isso aconteceu no último final de semana.
Cara, se você está em dúvida sobre o que ver no cinema eu te digo: sei que os olhos do Brad Pitt podem ter pra você o seu valor e o meu comentário pode ser inglório - ainda não vi o Taranta... - mas veja o Distrito 9. Vale muito a pena.
E prepara-se para descobrir no ser humano - em você inclusive - sentimentos bizarro. Como eu disse, a ideia de criar uma favela povoada por alienígenas e mostrar os humanos humilhando e lucrando com essas criaturas é genial. Fazer a coisa se passar na África do Sul foi só a cereja do bolo e negar a alusão ao Aparthaid foi, digamos, uma maneira fácil de encerrar polêmicas, mas o filme é sensacional.
Você brancos tratando aliens como os brancos trataram os negros. E depois vê negros tratando os aliens como eram tratado por brancos. Finalmente você aliens tratando aliens como homens tratam homens e sente uma coisa que nem sabia ser possível sentir.
Aí no meio da trama surge uma possibilidade de os alienígenas irem pra casa e você se descobre torcendo por eles, contra os humanos. E pensa que isso se deve ao fato de os humanos envolvidos na trama serem escrotos. Mas aos poucos você vai percebendo que na verdade é também um escroto. E torce pelos alienígenas simplesmente pelo fato de que quer vê-los longe de você. Mesmo que eles não tenham feito nada, ainda... É nojento. E eu recomendo...
segunda-feira, outubro 19, 2009
sexta-feira, outubro 16, 2009
Nova paixão
Foi assim, ela já chegou na minha vida se abrindo toda. Disse que "de todo o amor que eu tenho, metade foi tu que me deu".
Eu adorei logo de cara, mas aí ela apelou. E usou o francês. Quem resiste a um francês muito do bem pronunciado? Já me disseram que é a língua do amor... "Moi je t'offrirai, des perles de pluie, venues de pays. Où il ne pleut pas, Je creuserai la terre Jusqu'après ma mort. Pour couvrir ton corps d'or et de lumière Je ferai un domaine. Où l'amour sera roi"
Aí eu pirei e me rendi aos encantos da moça. E estou apaixonado. Com todo o respeito, é claro.
Ela é Maria Gadu, a paulistana que você nos vídeos aí embaixo e que me foi apresentada há coisa de dois meses pelo brother Sincler, o arquiteto mais arquiteto que conheço.
Bom, aí fui ouvir a moça e achei sensacional. A voz, a harmonia, o ritmo, a delicadeza... Tudo. Tá bom, não gostei muito do corte de cabelo dela, mas nem tudo é perfeito...
Uma vez um amigo viu no meio das minhas anotações de cifras de música um rascunho de letra da Kelly Key e ficou indignado: "Pô, cara, as músicas são legais, mais Kelly Key é foda, hein?"
Era tempo de voz e violão e gostava de fazer uma versão 'banquinho' para o hit da loirinha-carioca-delícia, mas Maria Gadu fez perfeito.
Veja o terceiro vídeo e me diga se estou enganado. Aqui aparecem três faixas que não são autorais da moça, mas o CD está cheio de composições. E boas composições, devo dizer. Eu recomendo!
Eu adorei logo de cara, mas aí ela apelou. E usou o francês. Quem resiste a um francês muito do bem pronunciado? Já me disseram que é a língua do amor... "Moi je t'offrirai, des perles de pluie, venues de pays. Où il ne pleut pas, Je creuserai la terre Jusqu'après ma mort. Pour couvrir ton corps d'or et de lumière Je ferai un domaine. Où l'amour sera roi"
Aí eu pirei e me rendi aos encantos da moça. E estou apaixonado. Com todo o respeito, é claro.
Ela é Maria Gadu, a paulistana que você nos vídeos aí embaixo e que me foi apresentada há coisa de dois meses pelo brother Sincler, o arquiteto mais arquiteto que conheço.
Bom, aí fui ouvir a moça e achei sensacional. A voz, a harmonia, o ritmo, a delicadeza... Tudo. Tá bom, não gostei muito do corte de cabelo dela, mas nem tudo é perfeito...
Uma vez um amigo viu no meio das minhas anotações de cifras de música um rascunho de letra da Kelly Key e ficou indignado: "Pô, cara, as músicas são legais, mais Kelly Key é foda, hein?"
Era tempo de voz e violão e gostava de fazer uma versão 'banquinho' para o hit da loirinha-carioca-delícia, mas Maria Gadu fez perfeito.
Veja o terceiro vídeo e me diga se estou enganado. Aqui aparecem três faixas que não são autorais da moça, mas o CD está cheio de composições. E boas composições, devo dizer. Eu recomendo!
sexta-feira, outubro 09, 2009
Lembrar do amanhã
São duas constantes observações do brother Hamilton. Ele considera que tenho uma memória prodigiosa por lembrar, com detalhes, de coisas muito antigas pelas quais passei. Dois ou três posts abaixo ele comenta exatamente isso. E eu, brincando, respondi que queria me LEMBRAR de coisas mais importantes, como os números que SERÃO sorteados na próxima mega-sena.
É, a piada é infame, eu sei. Mas meu estranho humor vê graça nela.
Então, na quarta-feira eu precisava passar numa farmácia e desci do ônibus nas imediações da República. É um caminho que faço de vez em nunca e que passa em frente uma banca de jornais que não vende jornais, mas livros. Muitos livros usados.
A memória, segundo o brother prodigiosa, não me permitiu lembrar da última vez que tinha passado por ali. Entretanto, assim que botei os olhos num livro chamado "Picasso" lembrei-me imediatamente de tê-lo visto ali por muitas e muitas vezes, exatamente naquela posição na banca, tomando sol, chuva. É esse aqui ó:
Vieram à mente recordações de um emprego no qual permaneci por uns quatro ou cinco anos, num bairro distante. É que justamente nessa época eu passava todo dia em frente à banca e nosso amigo pintor me olhava com o enigmático olhar meio escondido.
Mas o ser humano vai ficando mais velho e o valor do capital lhe corrompe as entranhas - poético ou piegas? - as lembranças suscitadas pela simples visão do livro foram substituídas imediatamente por questões mercadológicas. Comecei a pensar em por que aquele livro está ali por tantos anos e nunca é comprado. Enquanto me encaminhava para as escadas do metrô concluí que podia ser pela escolha da foto. "Picasso sempre passou um ideia de homem 'forte' e até arrogante, e nessa foto, meio querendo se esconder atrás da gola e entre o chapéu, ele parece bastante frágil. Acho que pode ser uma explicação para o fracasso na venda", pensei, antes de pegar o trem, sacar da mochila o livro que estou lendo e seguir para o trabalho.
Já na redação, abri o email, o twitter, o outlook e fui dar uma sapiada nas notícias do dia. Eis que me deparo com uma triste nota na Folha de São Paulo, que dizia "Fotógrafo Irving Penn morre aos 92 anos". Logo abaixo de um texto explicando a causa da morte estava uma montagem com quatro famosas imagens capturadas pelo falecido. Repare na imagem do quarto quadrante e diz aí se não é sinistro...
Não foi exatamente uma lembrança do futuro, mas começo a me policiar e espero que se um dia me lembrar inútil e estupidamente de seis números quaisquer eu tenha tempo de passar numa casa lotérica. Nunca se sabe, né?
Em tempo: os outros três personagens clicados pelo conceituado fotógrafo são Truman Capote, S.J. Perelman e a Gisele Bündchen.
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