segunda-feira, junho 23, 2008

A grande MUSA

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Na terça-feira (dia 17/6), por ocasião do centenário da imigração japonesa no Brasil, recebemos a visita do príncipe herdeiro do Japão, Naruhito.

Entre os vários lugares que visitou, Naruhito foi presenteado com um concerto da OSESP, a Orquestra Sinfônica de São Paulo, na Sala São Paulo (www.salasaopaulo.art.br/salasp/historia/historia.aspx), no prédio da Estação Julio Prestes, região do bairro da Luz.

Eis que a Honda, patrocinadora do concerto para o príncipe herdeiro me oferece o convite de conhecer a Sala São Paulo (vontade protelada por anos) e mais que isso: assistir à OSESP, na ocasião, regida pelo maestro John Neschling.

Cabelo cortado especialmente para a ocasião, terno alinhado e gravata em volta do pescoço lá fui eu, na quinta-feira (19/6) para uma grande noite.

Pois bem. Respiro música 24 horas por dia. MÚSICA, assim em maiúsculo, pra ficar melhor. Toda ela. MPB, rock, folk, heavy metal, jazz. Até a clássica, tão distante de nosso tempo. Mas da erudita não conheço muito. Só os grandes nomes e suas principais obras. Mas gosto.

O fato é que a sua relação com a música, seja ela qual for, nunca mais é a mesma depois de um espetáculo como esse. ESPETÁCULO, assim em maiúsculo, pra combinar melhor.

A interatividade de cada músico com seu instrumento. Uma relação passional. Íntima. Verdadeira. O local para eu estar sentado não poderia ser melhor: no coro. Às costas da orquestra e de frente para a figura do maestro.

E que figura! Já em sua entrada, praticamente “Exige” as palmas de todos, inclusive dos músicos da orquestra, em pé. E isso depois te todos terem aplaudido o príncipe japonês e até o último casal “real” brasileiro: Fernando Henrique Cardoso, atual presidente da Fundação OSESP, e dona Ruth Cardoso.

O programa da noite era composto de duas obras: Johannes Brahms Concerto nº 2 para Piano em Si b maior, Op.83, que contou com o solista Joaquín Achúcarro, ao piano, e a

Sagração da Primavera, de Igor Stravinsky.

Confesso: não conhecia essas obras. E isso não interferiu em absolutamente nada no sentido de me emocionar. Acredite. Essa é uma das magias da coisa.

Só a afinação dos instrumentos, antes da execução dos hinos nacionais de Japão e Brasil, nessa ordem, já me comoveu.

Ao final, nem a presença de um membro da realeza japonesa, nem dona Ruth e o erudito FHC, nada disso me marcou tanto quanto o maestro John Neschling. Nem o solista espanhol Joaquín Achúcarro e seu virtuosismo ao piano. O maestro, absoluto, detentor da batuta, do andamento e do sucesso de todo o concerto. Realmente me emocionei.

É também impossível assistir à interpretação de uma orquestra, e não pensar no compositor da obra. Cada detalhe, cada nuance, notas incidentais, variações de intensidade. Tudo milimétrica e emocionalmente pensado, e geralmente sem o uso de um instrumento sequer. Só caneta e papel pautado. E sentimento.

E os instrumentos? Timbres magníficos, sem eletricidade, sem equalização. Só a acústica pensada na sua construção, as horas de estudo do instrumentista e as divinas notas em seqüência na partitura.

Num momento desse você entende por que a música erudita atravessa os séculos e por que foi tão revolucionária ao tempo em que foi criada: ela continua moderna, insubstituível e, principalmente, emocionante!

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