Adoro naves espaciais e estrelas. Desde de criança. Lembro-me perfeitamente de uma noite de 1986, quando eu tinha 10 anos de idade e meu pai chegou em casa eufórico, com os olhos brilhando e um presente embaixo do braço, louco pra me mostrar. “Esse é o álbum de figurinhas do cometa Halley”, disse.
Até então, cometa pra mim era apenas uma palavra na música do Balão Mágico, lembra? “Pegar carona nessa cauda de cometa/Ver a Via Láctea/Estava tão bonita/Brincar de esconde-esconde numa nebulosa/Voltar pra casa nosso lindo Balão Azul”.
Nebulosa também era uma palavra, digamos, nebulosa pra mim. Nem o Guilherme Arantes, autor da música, eu conhecia ainda, eu acho.
Aquele álbum mudou minha maneira de ver o mundo. Além de passar a saber o significado das palavras cometa e nebulosa, eu realmente compreendi o conceito de imensidão, se é que isso é possível...
A empolgação do meu pai em completar nosso álbum era grande. Todos os dias chegava do trabalho com novos envelopes e em pouco tempo, completamos tudo. Não faltou nenhuma.
As fotografias do espaço, as imagens de satélites e as perspectivas de planetas me encantavam. Passava horas, à noite, olhando várias vezes, página por página, depois de colar as novas figurinhas.
O álbum fazia parte de uma série de artigos lançados por ocasião da passagem do cometa Halley. “Ele passa a cada 76 anos”, dizia meu pai. “Temos de vê-lo ou pode não haver outra oportunidade.”
Na minha cabeça eu fazia as contas e concluía que aos 86 anos, na próxima passagem, em 2062, viveríamos novamente aqueles momentos mágicos.
Pois é. O cometa passou e em São Paulo pouca gente conseguiu vê-lo.
Nós não estávamos entre elas. E eu não me importei. Mesmo sem olhar diretamente para o Halley, sei que aquele cometa iluminou minha vida. Eu te amo, pai!
P.S.: ainda tenho o álbum guardado
2 comentários:
A unica coisa boa que o cometa Halley deixou na sua passagem de 1986 foi o filme "Lifeforce" hehehehehe!
Num posta mais... :P
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