terça-feira, dezembro 09, 2008

Interligações musicais

Há uns sete anos, mais ou menos em 2001, assisti a um show de Paulinho Moska, por conta do lançamento de "Eu falso da minha o que eu quiser".

Já tinha visto os shows dos discos "Contrasenso" e de "Móbile". Lembrava de ter gostado muito dos espetáculos dos discos anteriores, mas naquele dia saí enlouquecido com o show do cara.

"Eu falso da minha vida o que eu quiser" é muito bom e o Moska estava afiado.

Não bastasse isso, lá pelas tantas ele comentou que ia tocar "Nunca foi tarde", uma versão que tinha feito para a música de um sujeito americano, que tinha morrido havia pouco mais de cinco anos e que não era conhecido no Brasil. "Vale a pena ir atrás, porque o cara é mesmo muito bom", ele disse.

E começou a tocar isso aqui ó:




Sensacional, né não? No dia seguinte eu só queria chegar logo no trabalho, porque não tinha internet em casa, e procurar sobre o tal "americano morto". Não tive dúvida. Mandei um email para o 'fale conosco' do site do próprio Moska. Acho que ainda tenho a resposta, mas era mais ou menos assim: "Caro, o compositor em questão é Jeff Buckley e o disco se chama Grace.
A música dele é "Lover, you should've come over".

Parti imediatamente em busca e consegui o tal disco. Sensacional. Jeff Buckley é de uma sensibilidade singular. Roqueiro e poético na medida certa. Canta muito bem e usa o falsete como convém, emociona qualquer um e tem umas peculiaridades nas harmonias que seduzem quem conhece. Fora o clima da música. Um órgão de igreja fazendo a 'cama' quando o vocal sobe e a poesia da letra atinge seu auge... Du caralho!

E no disco havia mais que isso. Uma cover de Hallelujah, de Leonard Cohen, é outra pérola. O único comentário sobre ela é: ouça!

Jeff Buckley é filho de Tim Buckley, um cantor americano dos anos 60, de voz suave e sorriso doce, ídolo de gente como Robert Plant. Reza a lenda que Jeff só conheceu o pai quando era adolescente e já tinha feito a opção por ser músico. Herdou a voz e a melancolia. E o sobrenome. E colocou tudo isso de uma vez em Grace, disco que lançou em 1994. Foi aclamado por crítica e público.

O prodígio cantor, com 28 anos, acabou desaparecendo da mesma forma meteórica com que surgiu. Enquanto preparava o próximo álbum, em 1997, marcou de encontrar a banda num local próximo a um afluente do Mississipi. Resolveu dar um mergulho antes de entrar para as gravações e nunca mais foi visto.

Seu único legado foi transformar uma parcela considerável do rock, que nunca mais foi o mesmo depois de Grace. Assista ao vídeo de "Lover, you should've come over" e vai me entender.

Sabe aquela amargura impressa no falsete do Thom York e que permeia toda a obra do Radiohead? Pois é... vem de Jeff Buckley.



Nessa semana, depois de ouvir bastante Moska, voltei a escutar o Grace e me apaixonei novamente. Por conta da relação com o Radiohead, também baixei o Kid A, disco que nunca tinha ouvido dessa banda. Eis que no sábado, ouço, de passagem, uma música de John Meyer e hoje, pra fazer esse post que você tá lendo, fui baixar um disco do cara e caí nesse site aqui ó: http://indicadiscos.blogspot.com/

O cara simplesmente resenhou exatamente o que ando ouvindo... Vou ter de baixar o Kings Of Convenience, que, confesso, não dei muita bola quando pintou...

2 comentários:

Unknown disse...

Eu amei essa música do Moska logo de cara.

Astronauta Solitário disse...

É muito boa mesmo! O mais interessante é que a letra - que não é tradução, mas uma versão - caminha para o lado oposto da original. Enquanto Buckley diz que o amor pode voltar, Moska prefere gritar que o amor não podia ter ficado...