terça-feira, dezembro 30, 2008
Contagem regressiva
É isso. Praticamente o último dia útil de 2008.
Impressionante como essas viradas de ano me fazem perceber a passagem do tempo. Nessa época eu noto meu envelhecimento. Mais até que nos dias de aniversário...
Ah, que fique claro! O uso de 'envelhecimento' aqui não tem tom de lamúria ou de queixa. Aliás, não tem a menor carga ruim. Acho envelhecer uma das coisas mais legais da vida. Só não envelhece quem morre. Então digamos que prefiro mesmo envelhecer.
E de quebra no caminho vou encontrando amigos e pessoas bacanas - às vezes nem tanto, mas em 2008 nem me lembro de uma dessas... Pelo contrário. Foi um ano incrível do ponto de vista das amizades. Mesmo para as que já tinha de longa data. Em 2008 me aproximei ainda mais de cada pessoa importante pra mim.
Olha, pensando agora, posso, com certeza, afirmar que 2008 foi dos melhores anos da minha vida! Dei muuuita risada, muita mesmo! Aprendi um montão de coisa com diferentes pessoas.
Putz, acabo de me dar conta que foi du caralho!
E falando em amigos, foi praticamente em 2008 que conheci minha melhor amiga: a Sofia. Ela chegou 10 dias antes de acabar 2007 e por isso considero que foi 2008 o ano no qual nos tornamos amigos. Pô, só por essa já posso considerar um ano 'hitórico'. E olhe que teve muito mais...
Na noite de amanhã vou mais uma vez reparar na misteriosa magia que adentra corações entre 23h59 do dia 31 de dezembro e 0h01 de primeiro de janeiro.
É misteriosa, mas também poderosa. Tem uma áurea de renovação e faz as pessoas mexerem até onde não querem. "Esse ano vou fazer tal coisa". Sabe essas autopromessa? Pois é... Gosto muito delas. Acredito, aliás, que autopromessas são o tipo com o qual nos sentimos mais comprometidos. Caralho, se eu não cumprir o que prometi a mim mesmo vou honrar compromisso com quem?
E isso é muito bom. Há sempre coisas que queremos mudar e o empurrãozinho de uma autopromessa durante os pulinhos de sete ondas ou a explosão de fogos de artifício no céu é sempre providencial.
Também gosto de repensar o que fiz e o que quero fazer. Em onde comecei isso tudo e onde é que vou acabar.
Pra variar, sempre gosto do que fiz e ainda mais do que vou fazer. E também percebo que não sei onde comecei e muito menos onde vou acabar. Só sei que rir continua sendo o melhor remédio... Opa, alguém já disse isso em 2008 anos de cristianismo, né não?
Bom, então fiquemos por aqui. Espero mesmo que 2009 seja ainda melhor e que eu possa rir tanto quanto ri até agora. Melhor que isso. Que eu possa amar a vida ainda mais do que amei até agora e seguir nessa direção que, honestamente, não sei bem qual é, mas se soubesse não ia ter a menor graça, fala aí?
Bom 2009 pra você que viaja ou viajou com o astronauta solitário. Nos vemos em 2009 e cuidado com seus desejos e autopromessas, hein? Eles podem se realizar em 2009!
terça-feira, dezembro 23, 2008
Thundercats, ooooooh!
Reza a notícia - elas são cada vez menos confiávies hoje em dia, pra minha tristeza profissional - que um sujeito fã dos felinos superpoderosos do desenho passou um ano coletando e editando imagens de trechos de filmes, para montar o que seria um trailer da versão cinematográfica de Thundercats.
Olha, eu gostei muito. Achei bem bom, mesmo. Tanto que chego a desocnfiar de golpe de marketing hollywoodiano - não foi só o jornalismo, no ramo da comunicação, que se embrenhou em caminhos escusos - \o/
Bom, assista aí ao trailer e identifique os intrépidos Lyon, Phantro, Chitara e companhia na pele de astros como Brad Pitt, Vin Diesel, Hugh Jackman e Garfield... Garfield? Pois é... O Snarf agora deve gostar de lasanha...
Como eu disse, sensacional...
segunda-feira, dezembro 22, 2008
Fashion baby
Há até uma semana eu respondia aos que me perguntavam se a Sofia (já) estava andando que ela é praticamente uma fundista.
Bom, no sábado, na prévia do aniversário de um ano resolvemos experimentar os tênis dados há exato um ano, pela mãe de um amigo que voltou dos EUA. A mãe, não o amigo. E na verdade é mãe do padrinho que além de cumpadre é amigo, entendeu? Não importa. Dona Célia sabe agora que a Sofia gostou muito do presente!
Ah, então, e aí algumas pessoas começaram a perguntar o que era fundista.
Segundo o Aurélio...
fundista
s m+f Esp Corredor especializado em provas de longa distância.
Então, a minha corredora de longa distância é um charme ou não é?
terça-feira, dezembro 16, 2008
sexta-feira, dezembro 12, 2008
quinta-feira, dezembro 11, 2008
Capitu (rado)
Tenho acompanhado a microssérie Capitu que a TV Globo exibe nessa semana. Sou fascinado pela criação de Machado de Assis. E entenda criação não como a obra - certamente fascinante, mas da qual conheço muito menos do que gostaria. Falo de Capitu mesmo. Criatura dissimulada e oblíqua. Menina de olhos de ressaca. Dom Casmurro foi meu primeiro contato com o autor. Foi-me, de fato, empurrado goela abaixo por uma professora do ginásio. E, ao contrário do que dizem, isso não tirou da obra o encanto. O começo foi difícil. Mas quando o autor é bom ele arrebata até o mais preguiçoso dos leitores.
Me lembro que ficava extasiado com as descrições da tal menina e me identificava mesmo com a paixão adolescente do Bentinho. Fui gostando cada vez mais e quando me dei conta devorava o livro, em busca de saber a sina do personagem-narrador e suas desventuras no amor e na amizade. Depois de adulto reli o livro. Gostei ainda mais. Dessa vez, me prendeu o estilo do grande escritor. Sem as identificações juvenis, pude notar que o velho Machado é mesmo um mestre na escolha das palavras e entendia da alma humana com poucos pscicólogos são capazes.
Dito isso, vamos à série. Simplesmente S E N S A C I O N A L. A montagem, o figurino, a fotografia. Tudo, digno dos melhores elogios. O diretor Luis Fernando Carvalho, de Lavoura Arcaica, e responsável pelos melhores seriados produzidos na Globo nos últimos tempos - Hoje é dia de Maria e A pedra do reino - acertou a mão em tudo. Absolutamente tudo.
Os recursos de montagem, com cenário único, que parece mesmo ser uma lembrança vaga e perdida no tempo, fazem o telespectador mergulhar na história. O diretor foi muito feliz ao optar por deixar as palavras de Dom Casmurro exatamente como na obra. Assistir aos dois primeiros capítulos foi como reler o livro. Cada palavra escolhida pelo maior escritor brasileiro foi preservada de maneira inteligente. Por melhor que fosse a adaptação, Luis Fernando Carvalho fez a melhor opção que poderia ter feito e deixou em Dom Casmurro o que a obra tem de absolutamente genial: o texto de Machado.
Mas a série vai além do texto. A escolha do elenco, por exemplo, é outro trunfo. Apostando em atores pouco conhecidos, o diretor brinda o expectador com um Dom Casmurro genialmente machadiano. Ponto alto. O ator Michel Malamed - prazer em conhecê-lo - dá ao personagem -narrador a carga ideal de humor, amargura e fragilidade.
O importante personagem do Agregado José Dias, na pele de outro - pra mim, completamente - desconhecido, o ator Antonio Karnewale, é outro destaque. Também dissimulado. Calculista e interesseiro. É a exata personalidade (descrita?) elaborada por Machado. O jovem Bentinho e seus familiares são também muitíssimo bem interpretados.
A menina Capitu é mesmo um Capitu (lo) à parte. Não poderia haver escolha mais acertada. Letícia Persiles é a verdadeira encarnação de Capitu. Me lembro de ter lido uma vez - talvez escrito pelo próprio Machado - que o romance não deveria ter o nome de Dom Casmurro e sim de Capitu. Pois a microssérie faz essa justiça e Letícia a atesta com graça e competência. Basta assistir a qualquer trecho com a menina pra ter essa certeza. Ela rouba a cena. Sem muito esforço. Nasceu com olhos de ressaca e faz o ar dissimulado como a Capitu de minha mente fazia durante a leitura da obra.
A direção acerta também no tempero pop que deu à obra. Li que o diretor quis assim para que os jovens entendessem que Machado não é chato nem sisudo. O motivo é até nobre, mas o resultado - que de fato é o que importa - pra mim foi sensacional.
Esse tempero, além de estar na maquiagem, no figurino e na tatuagem de Capitu, aparece na trilha sonora. Perfeita.
Quem estava à frente da TV esperando pela primeira imagem da adaptação certamente se surpreendeu com as imagens envelhecidas e as guitarras distorcidas de Jimi Hendrix. Uma maneira peculiar - e muito eficiente - de transportar o telespectoador para as angústias e amarguras do narrados Dom Casmurro prestes a entrar em cena.
Outra bem escolhida na trilha é Elephant Gun, do combo Beirut, que faz pano de fundo para a as aparições de Capitu. Falando, é difícil entender porque escolher a música de um americano, Zach Condon, e sua trupe que mistura folk e música do leste europeu, para cenas de amor juvenil entre a estrela da microssérie e o (ainda) angelical Bentinho. Se quiser, entra aqui ó http://bluesmen-worldmusic.blogspot.com/2008/10/beirut-lon-gisland-ep.html , baixe o CD e ouça. Você vai entender perfeitamente.
E por falar em entrar, o site de Capitu também é bem legal. Olha aqui ó http://capitu.globo.com/Capitu/0,38826,16142,00.html Dá pra ver algumas cenas, como o beijo de Capitu e Bentinho. Muitíssimo bem-feita e como já dito, não poderia descrever de melhor maneira o tal beijo citado no livro. Incrivelmente fiel a imaginação do leitor...
Façamos assim. Você lê isso:
Estou para contar que, ao cabo de um tempo não marcado, agarrei-me
definitivamente aos cabelos de Capitou, mas então com as mãos, e disse-lhe,—para dizer alguma cousa,— que era capaz de os pentear, se quisesse.
—Você?
—Eu mesmo.
—Vai embaraçar-me o cabelo todo, isso sim.
—Se embaraçar, você desembaraça depois.
—Vamos ver.
E Capitu deu-me as costas, voltando-se para o espelhando. Peguei-lhe dos cabelos, colhi-os todos e entrei a alisá-los com o pente, desde a testa até as últimas pontas, que lhe desciam à cintura. Em pé não dava jeito: não esquecestes que ela era um nadinha mais alta que eu, mas ainda que fosse da mesma altura. Pedi-lhe que se sentasse.
—Senta aqui, é melhor.
Sentou-se. "Vamos ver o grande cabeleireiro", disse-me rindo. Continuei a alisar os cabelos, com muito cuidado, e dividi-os em duas porções iguais, para compor as duas tranças. Não as fiz logo, nem assim depressa, como podem supor os cabeleireiros de ofício, mas devagar, devagarinho, saboreando pelo tacto aqueles fios grossos, que eram parte dela. O trabalho era atrapalhado, às vezes por desazo, outras de propósito para desfazer o feito e refazê-lo. Os dedos roçavam na nuca da pequena ou nas espáduas vestidas de chita, e a sensação era um deleite. Mas, enfim, os cabelos iam acabando, por mais que eu os quisesse intermináveis. Não pedi ao céu que eles fossem tão longos como os da Aurora, porque não conhecia ainda esta divindade que os velhos poetas me apresentaram depois; mas, desejei penteá-los por todos os séculos
dos séculos, tecer duas tranças que pudessem envolver o infinito por um número inominável de vezes. Se isto vos parecer enfático, desgraçado leitor, é que nunca penteastes uma pequena, nunca pusestes as mãos adolescentes na jovem cabeça de uma ninfa... Uma ninfa! Todo eu estou mitológico. Ainda há pouco, falando dos seus olhos de ressaca, cheguei a escrever Tétis; risquei Tétis, risquemos ninfa, digamos somente uma criatura amada, palavra que envolve todas as potências cristãs e pagãs. Enfim acabei as duas tranças. Onde estava a fita para atar-lhes as pontas Em cima da mesa, um triste pedaço de fita enxovalhada. Juntei as
pontas das tranças, uni-as por um laço, retoquei a obra, alargando aqui, achatando ali, até que exclamei:
—Pronto!
—Estará bom?
—Veja no espelho.
Em vez de ir ao espelho, que pensais que fez Capitu? Não vos esqueçais que estava sentada, de costas para mim. Capitu derreou a cabeça, a tal ponto que me foi preciso acudir com as mãos e ampará-la; o espaldar da cadeira era baixo. Inclinei-me depois sobre ela rosto a rosto, mas trocados, os olhos de uma na linha da boca do outro. Pedi-lhe que levantasse a cabeça, podia ficar tonta, machucar o pescoço. Cheguei a dizer-lhe que estava feia; mas nem esta razão a moveu.
—Levanta, Capitu!
Não quis, não levantou a cabeça, e ficamos assim a olhar um para o outro, até que ela abrochou os lábios, eu desci os meus, e...
Grande foi a sensação do beijo; Capitu ergueu-se, rápida, eu recuei até à parede com uma espécie de vertigem, sem fala, os olhos escuros. Quando eles me clarearam vi que Capitu tinha os seus no chão. Não me atrevi a dizer nada; ainda que quisesse, faltava-me língua. Preso. atordoado, não achava gesto nem ímpeto que me descolasse da parede e me atirasse a ela com mil palavras cálidas e mimosas... Não mofes dos meus quinze anos, leitor precoce. Com dezessete, Des Grieux (e mais era Des Grieux) não pensava ainda na diferença dos sexos.
E agora assista a isso aqui:
De quebra, você também pode entrar aqui ó http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewprofile&friendID=75215058 e descobrir onde o diretor encontrou a intérprete de Capitu.
Letícia é vocalista da banda baiana Manacá, que faz um som entre Cordel do Fogo Encantado e Mars Volta - assim está descrito no release do myspace, que mais parece um texto deTom Zé. Olha lá...
É isso. Vi só dois capítulos de Capitu e estou encantado. Com tudo. Inclusive com ela. Os personagens ainda vão entrar na fase adulta e a história está só começando, mas tenho certeza que o bruxo do Cosme Velho está muito feliz com essa interpretação de sua obra.
Mais do que digna para a homenagem em seu centenário de morte - nunca vou entender essa coisa de efeméride de morte, mas...
O ano oficial Machado de Assis, decretado por lei, tem, pelo menos na TV, um encerramento à altura da obra do escritor.
P.S.: O Dom Casmurro, da microssérie era a minha opção de ilustração, mas o olhos de ressaca definitivamente me capitu (raram)...
terça-feira, dezembro 09, 2008
Interligações musicais
Já tinha visto os shows dos discos "Contrasenso" e de "Móbile". Lembrava de ter gostado muito dos espetáculos dos discos anteriores, mas naquele dia saí enlouquecido com o show do cara.
"Eu falso da minha vida o que eu quiser" é muito bom e o Moska estava afiado.
Não bastasse isso, lá pelas tantas ele comentou que ia tocar "Nunca foi tarde", uma versão que tinha feito para a música de um sujeito americano, que tinha morrido havia pouco mais de cinco anos e que não era conhecido no Brasil. "Vale a pena ir atrás, porque o cara é mesmo muito bom", ele disse.
E começou a tocar isso aqui ó:
Sensacional, né não? No dia seguinte eu só queria chegar logo no trabalho, porque não tinha internet em casa, e procurar sobre o tal "americano morto". Não tive dúvida. Mandei um email para o 'fale conosco' do site do próprio Moska. Acho que ainda tenho a resposta, mas era mais ou menos assim: "Caro, o compositor em questão é Jeff Buckley e o disco se chama Grace.
A música dele é "Lover, you should've come over".
Parti imediatamente em busca e consegui o tal disco. Sensacional. Jeff Buckley é de uma sensibilidade singular. Roqueiro e poético na medida certa. Canta muito bem e usa o falsete como convém, emociona qualquer um e tem umas peculiaridades nas harmonias que seduzem quem conhece. Fora o clima da música. Um órgão de igreja fazendo a 'cama' quando o vocal sobe e a poesia da letra atinge seu auge... Du caralho!
E no disco havia mais que isso. Uma cover de Hallelujah, de Leonard Cohen, é outra pérola. O único comentário sobre ela é: ouça!
Jeff Buckley é filho de Tim Buckley, um cantor americano dos anos 60, de voz suave e sorriso doce, ídolo de gente como Robert Plant. Reza a lenda que Jeff só conheceu o pai quando era adolescente e já tinha feito a opção por ser músico. Herdou a voz e a melancolia. E o sobrenome. E colocou tudo isso de uma vez em Grace, disco que lançou em 1994. Foi aclamado por crítica e público.
O prodígio cantor, com 28 anos, acabou desaparecendo da mesma forma meteórica com que surgiu. Enquanto preparava o próximo álbum, em 1997, marcou de encontrar a banda num local próximo a um afluente do Mississipi. Resolveu dar um mergulho antes de entrar para as gravações e nunca mais foi visto.
Seu único legado foi transformar uma parcela considerável do rock, que nunca mais foi o mesmo depois de Grace. Assista ao vídeo de "Lover, you should've come over" e vai me entender.
Sabe aquela amargura impressa no falsete do Thom York e que permeia toda a obra do Radiohead? Pois é... vem de Jeff Buckley.
Nessa semana, depois de ouvir bastante Moska, voltei a escutar o Grace e me apaixonei novamente. Por conta da relação com o Radiohead, também baixei o Kid A, disco que nunca tinha ouvido dessa banda. Eis que no sábado, ouço, de passagem, uma música de John Meyer e hoje, pra fazer esse post que você tá lendo, fui baixar um disco do cara e caí nesse site aqui ó: http://indicadiscos.blogspot.com/
O cara simplesmente resenhou exatamente o que ando ouvindo... Vou ter de baixar o Kings Of Convenience, que, confesso, não dei muita bola quando pintou...
Titereiros curiosos
A idéia é bem boa. Melhor do que o romance coletivo do Orkut que acabei desencanando de acompanhar.
O escritor Thales Guaracy é o personagem de um reality show 'inteligente' - a expressão é da Mona Dorf, do Trip Eldorado, por onde eu fiquei sabendo da história toda.
É assim: o romancista está, de terça a sábado, entre 11 e 19 horas, produzindo seu mais novo livro 'ao vivo' na Livraria da Vila. Os curiosos de plantão podem acompanhar a tarefa de perto e até dar palpites.
O livro ainda está no comecinho. Na verdade ele só escreveu o primeiro dia.
É possível também acompanhar pelo blog: http://oescritornalivraria.blogspot.com/
Hoje li o Dia 1 e gostei. O mote até me atraiu e o formato da coisa também. Mas depois que li a primeira parte me dei conta de uma metalinguagem implícita que me deixou ainda mais curioso.
O romance começa com a entrada do casal Flávia e Marson na cabana de uma cigana a fazer previsões e leitura de mão. Marson vai contrariado, pois acredita que o futuro é inexoravelmente consequência direta do que construímos e fazemos. Não acha que a previsão da cigana vá mudar alguma coisa. Aliás, nem acha que ela seja capaz de prever algo. O capítulo terminou com um suspense no ar. Ponto para o escritor.
Vou entrar à tarde para ver a sequência e 'descobrir', maravilhado, que o destino de Marson não está, de fato, na previsão da cigana e muito menos relacionado com o que ele fez ou construiu até então. Está na 'imaginação' dos leitores e curiosos que darão palpites pelo blog ou pessoalmente.
Já estou me programando para visitar a livraria...
segunda-feira, dezembro 08, 2008
Piada mortal
Nunca esqueci a HQ "A piada mortal", do Batman. Li outros e gosto de vários. Mas esse me marcou. A tal piada mortal que aparece no desfecho é sensacional. Me fez ver as HQs de uma maneira diferente.
Batman é um de meus heróis prediletos. Traz no lado de fora o que muita gente tem por dentro. Perturbado, obscuro. Cruel.
"As 10 noites da besta", "O messias" e "O cavaleiro das trevas" são títulos do morcego que me impressionaram na adolescência. Gostei muito. De todos. Mas quando li "A piada mortal" dei uma pirada. Uma visão diferente das perturbações e loucuras do Coringa e da face dele diante de um espelho: o Batman. Recomendo todos, mas esse é mesmo muito bom.
Lembrei disso somente porque recebi hoje um link com outra piada mortal evolvendo a dupla. Achei mesmo muito bom. A convivência com o Coringa está deixando o senso de humor do Batman ainda mais afiado...
Se tiver um tempo, entre aqui ó: http://www.uhull.com.br/12/04/batman-em-contando-uma-piada-para-o-coringa/#more-17246
E morra de rir!
sexta-feira, dezembro 05, 2008
Não estão pensando...
Qualquer dia eu posto alguma coisa do Moska aqui... Mas hoje ele só foi citado pelo título do álbum.
Acabei de chegar na redação e o amigo Waltão me mostra uma notícia publicada na gringa sobre o o guitarrista Gary Moore estar sendo processado por plágio. Tá, isso acontece, às vezes, e a 'desculpa' dos músicos até procede: "A gente ouve uma coisa aqui, outra ali. Acaba tendo a 'inspiração' de uma melodia ou harmonia e não identifica de onde ela veio". Pois é.
Ouvi a referida música e fiquei com o queixo caído. Dos casos de plágio que já vi - e já vi e ouvi muitos - achei dos mais gritantes. Simplesmente porque não se trata de 'sugestão'. É como cópia carbono.
Deixei pra fazer o post nessa tarde e antes do almoço pipoca na rede um outro caso. Dessa vez, com repercussão bem maior, já que envolve o guitarrista Joe Satriani e os milionários do Cold Play - estes são reincidentes, mas não vem ao caso.
O fato é que aí já é demais! Dois casos de plágio no mesmo dia? Hahahaha... A decadência da indústria fonográfica chegou à criatividade...
Como o caso do Gary Moore é bem mais gritante na minha opinião, escolhi postar as duas músicas em questão. A do guitarrista irlandês é simplesmente "Still got the blues", seu maior sucesso na carreira. Ouça aqui ó:
Agora veja a música "Nordrach I" da 'lesada' e desconhecida banda da Alemanha chamada Judys Gallery. Na verdade, o grupo alemão é dos anos 70, mas só conseguiu gravar o disco nos anos 2000. A faixa, porém, foi gravada na época numa coletânea radiofônica...
Como os caras de prog gostam muito de enfeitar antes de dizer a que vieram, deixe carregar o vídeo e vá direto à parte que interessa: a partir do momento 5:30...
Ah, você ficou surpreso? Então passa aqui ó: www.madmonsterland.blogspot.com e veja que o Waltão descobriu que a história entre Satriani e Cold Play ainda pode render muito... E não vai ser pro Satriani... Volto ao título do Moska e concluo: definitivamente, é preciso pensar mais.
quinta-feira, dezembro 04, 2008
A vida como ela não é
Desde que a net é net a gente recebe putaria - tanta, que depois de um tempo perde a graça -, correntes - há mais de 10 anos recebo um maldito texto com a mensagem que a AOL vai depositar US$ 0,01 na minha conta (que ela nem sabe qual é) para cada pessoa a quem eu encaminhar a famigerada mensagem - e crônicas. Muitas delas. E geralmente atribuídas a autores de renome, que, quase sempre negam essa procedência. Veríssimo e Jabor são campeões nessa modalidade.
Hoje recebi um texto atribuído a Woody Allen. Não sei se é. Mas gostei mesmo da idéia. O mais legal é que fiquei com uma sensação de déjà vu. Acho que tinha recebido isso há tempos... De qualquer jeito, certamente à época não notei que a sacada é mesmo bem boa. E tem a cara do "Bukowski contemporâneo" que é Woody Allen - um velho safado... Também identifiquei um 'Q' das Memórias Póstumas, do Machado, e gostei bem... Aparentemente seria realmente mais fácil viver assim. Aparentemente...
A minha próxima vida
Woody Allen
A minha próxima vida quero vivê-la de trás pra frente.
Começar morto para despachar logo esse assunto.
Depois acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a aposentadoria e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia.
Trabalhar por 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo, e depois estar pronto para o secundário e para o primário, antes de virar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí viro um bebê inocente, até nascer.
Por fim, passo nove meses flutuando num spa de luxo com aquecimento central, serviço de quarto a disposição e espaço maior dia a dia.
E depois - voilà! - desapareço num orgasmo!
quarta-feira, dezembro 03, 2008
Da arte de (se) relacionar
Tenho dedicado bastante tempo de meus pensamentos de astronauta solitário para entender as relação humanas. Relacionar-se com o outro é, definitivamente, a tarefa mais difícil nesse planeta. Noutro dia falava com um conhecido sobre isso. Trabalhei com ele na mesma redação há tempos. Uns 3 anos atrás, mais ou menos. E me lembrava que o cara era casado, apesar da pouca idade. Papo vai, papo vem e perguntei da esposa. Ele respondeu que tinha se separado. "Não dava certo. Era muito bom em alguns pontos, mas em outros não teve jeito", ele comentou. "Relacionamentos são difícies", eu disse, sem querer entrar em intimidades e nem dizer um "sinto muito", que, de fato, não sentia. Se alguém tinha de sentir era ele... "No meu outro casamento era o contrário. O que era bom nesse último era ruim lá. Em compensação o que era bom lá era justamente o ruim daqui", complementou. "Pois é. Relacionamentos são difíceis", tive de repetir. Não só pela falta de coisa melhor pra dizer, mas pela constatação do fato. Relacionamentos são difícies. Pra caralho. E não falo aqui somente dos amorosos. Falo de todos. Porque os problemas de relacionamentos partem de um mesmo ponto: cada um é responsável por 50% da decisão apenas. O resultado da interação entre você e o outro, seja ele sua mulher, sua namorada, seu amigo, seu patrão, afeta você diretamente. Entretanto, você só tem o domínio sobre metade das causas desse resultado.
Boa parte de nossas frustrações vem justamente de esperarmos que o outro tenha a mesma reação ou pense como nós diante do mesma questão. Geralmente, não acontece assim. E simplesmente porque é outra pessoa, outra cabeça, outra mente. Outra maneira de reagir diante da mesma situação. Sem contar o fato de que essas interações acontecem simultaneamente e a todo momento.
Ontem, diante dessas frustrações, resolvi dar um tempo e parar de pensar no problema. Desci pra tomar um café - até fumei um cigarro depois de muuuuito tempo..., brinquei um pouco com um texto particular e resolvi papear no msn com amigão.
"E aí, meu velho?"
"Fala cara, tudo bom? Acabei de ser demitido"
Porra, o que se pode dizer pra um grande amigo numa hora dessas, além de um CARALHO em letras maiúsculas - ou 'caixa alta', pra não sair do jargão da profissão? Eu pedi a ele um currículo e comecei a acionar alguns conhecidos pra amenizar o problema. E enquanto fazia isso pensava comigo: a boa e velha interação com o outro agindo novamente. No caso, o outro foi o patrão. Você pode trabalhar, ser competente e querer o melhor para sua empresa. Se o patrão achar que você tem de ser demitido, você o será. Mesmo que não queira. Simplesmente porque você não tem o poder sobre essa decisão. O patrão tem. Há decisões sobre as quais você tem o poder e o patrão não. Nesse caso, a competencia é do patrão. Ponto.
Passei o restinho do dia tentando arranjar um trampo pro amigo e me conformando com minha falta de poder sobre as decisões dos outros em minha vida. As minhas decisões eu tomo. E banco. Nas dos outros posso, no máximo, opinar. E ainda assim, se solicitado, né?
Nessa manhã recebo o chamado no msn do baixista da minha banda, com a (certa pra ele) decisão de deixar o grupo. Porra, novamente me vi diante da grande questão. Que merda, não quero isso. Quero seguir com o conjunto, ainda mais agora que estava ficando bacana. Mas não é uma decisão minha. A minha eu tomei, que foi montar o grupo. A dele, ele tomou, que foi deixar o grupo. Apesar de a dele me afetar direta e 'nocauteantemente' não tenho o que fazer. Não tenho poder sobre as escolhas dos outros. Gostaria de ter, às vezes, mas não tenho.
Relacionamentos são mesmo difíceis.
terça-feira, novembro 25, 2008
Matriarca
Hoje é o aniversário da mamãe! Creuza, com eu a chamo. Aliás, é o nome dela... Tenho passado os últimos dias em boa companhia lendo "O amor nos tempos do Cólera", de Gabriel Garcia Maques. Ontem me peguei analisando o livro e lembrando do famoso "Cem anos de solidão", obra mais famosa do mesmo escritor. O que estou lendo agora me parece melhor, mas lembrar do "Cem anos..." foi bem bom. Imediatamente me veio à mente a imagem da matriarca Ursula. Grande mulher. Vivida. Forte e inabalável diante das (bem) duras pancadas da vida em Macondo.
Quando li, há muito tempo, pensei até se Garcia Marques conhecia minha mãe. A Creusa é a Ursula da vida real. Uma mulher com determinação gigante e coração do mesmo tamanho.
A determinação nela é bem peculiar. Para algumas coisas, deixa que aconteçam a 'esmo', sem fazer esforço... Mas pra outras. Botou na cabeça no meio dos anos 80 que teria uma casa própria e sairia do aluguel. Vi essa mulher mover o mundo. Entrou em movimentos populares, foi às ruas, lutou, invadiu, defendeu, acusou. Pra mim, uma nova mulher, bem diferente da dona de casa que eu conhecia até então... No começo dos anos 90 ela conseguiu a tal casa. Mora lá até hoje e quando fala do lar, tem um brilho no olhar. A aproximação dos movimentos populares lhe deu gosto e novo sabor à vida. Descobriu, aos 40, que tinha muito que fazer pelas comunidades ao seu redor. Os últimos 15 anos foram todos de dedicação a isso. Eu, confesso, enquanto morava lá, às vezes me sentia preterido aos de fora. A Creuza pegava parte da cesta básica que eu ganhava no emprego fuleiro e ainda dividia com pobres. No começo, me sentia injustiçado e chegava a comentar. Me ensinou, pela atitude, que ajudar a quem tem menos é o mínimo que podemos fazer.
A sergipana que chegou em São Paulo nos anos 70 sem ter concluído o ginásio resolveu depois de ser mãe de família e dedicada esposa, que seria mais isso. Seria alguém na vida de outros. Resolveu estudar e levava tão a sério na época que eu ficava com verganha da minha preguiça em pegar nos cadernos... Começou desenvolver trabalhos voluntários de pedagogia e assistência social. Hoje, ganha a vida com isso. Vive com o Cidão, meu pai, e está muito feliz. Quem a viu nos meus tempos de meninos, como dona de casa, e a vê hoje tem a certeza de que a Creuza cresceu absurdamente com a vida. Aproveitou cada brecha e lutou pra ter sua importância no mundo em que vivemos. Não há eleição em São Paulo sem que candidatos disputem a preferência da Creuza e seu apoio. Além da infuência na comunidade, ela trabalha. E trabalha duro. Já falei pra parar com isso... Mas a cada dia me convenço de que isso é o que a mantém feliz. Tomou muita pancada da vida e nunca desistiu.
Ela diz que completa 56 anos. O Cido, meu pai, jura que ela é "gato". Pela cédula de identidade ela faz é 58, mas jura de pé junto que o registro com data retroativa foi um recurso para poder trabalhar mais cedo e ajudar no sustento dos outros 11 irmãos lá em Sergipe. Pois é...a mulher pegou pesado no batente desde cedo. E dizem mesmo que o trabalho enobrece, né? A Creuza é uma mulher nobre. Uma grande mulher que me ensinou a lutar e não desistir mesmo quando tudo parece bem dificil.
Parabéns, mãe! Te amo e admiro muito!
Na foto, a Creuza aparece com as três coisas que ela mais ama nessa vida: o Cidão e as netinhas Duda e Sofia.
quinta-feira, novembro 20, 2008
Consciência negra
Canhoto, baixa estatura, pele não-branca, não-católico, filho de nordestina, morador da periferia, simpatizante da esquerda. Sempre gostei de brincar com os amigos - só com aqueles que riem COM O Heverton - que a sociedade não foi feita pra mim. "Eu não pertenço a esse mundo feito para os direitos, de direita, brancos, católicos, de linhagem européia, moradores dos bairros ricos, com suas contas bancárias recheadas e seus sorrisos de plástico". O amigo Marcelo Favalli ria muito comigo dessa piada e sempre gostava de frisar. "Cara, é por isso que te acho um vencedor. Com todas essas adversidades e você conseguiu se formar, virar jornalista e ser um cara bacana". Bom, como eu disse, ele é meu amigo. MUITO amigo, você já deve ter notado - cara bacana?, aff... O mais legal é que eu sempre respondia: "Marcelo, esse esforço que faço não é mérito meu. Isso se chama tentar sobreviver. Ou me esforço ou me fodo. É só isso e é igual pra todo mundo". Mas ele sempre rebatia: "Que nada. Você é um exemplo".
Pois, bem. Tô aqui trabalhando em pleno feriado da Consciência Negra. Acabei lembrando do Obama e de sua eleição magnânima. Isso sim é um exemplo.
Noutro dia li um sujeito dizendo que a comparação de Obama com Lula não faz sentido e que para o americano a coisa foi muito mais - infinitamente - difícil. Eu concordo.
Não bastasse o nome árabe e o islâmico, não bastasse esses nomes serem Obama - muito próximo de Osama - e Hussein - exatamente o mesmo do Saddam - o cara é negro. Negro nos EUA, diga-se. É bem diferente de ser negro no Brasil. As oportunidades e desafios são realmente comuns nos dois países, mas você já ouviu falar de casas incendiadas no Brasil? De criaturas - não vou usar 'gente' de propósito - vestindo capuzes brancos e exalando ódio a negros? Já viu no Brasil alguém dizer que aquele banco do ônibus não é pra negro sentar? Pois é... A coisa lá é (foi?) bem mais áspera.
Outro lance bem impressionante na eleição do Obama é analisar os pontos nos quais o cara pretende (ou esperam que) mexer. Guerra. Cuba. Mataram Kennedy por coisas como essas. E Kennedy era branco.
Mas o Obama tem fibra. Tem garra. Olha onde o cara chegou! Naquelas brincadeiras com o Marcelo, outro que gostava de tirar uma onda era o Chico Prado, amigo querido, ele sabe!. Os dois, brancos demais pra meu gosto - o Marcelo chega a ser transparente -, me chamavam de "negrinho", em tom de farra. SEMPRE pra bater na desconfortável tecla de "ser um exemplo e blá blá blá". Eu dizia que não. E agora posso dizer mais: se queriam um exemplo de superação e obstinação, Obama está aí. E o cara tem a gana... No sangue.
Não é um post pra me comparar ao cara. Longe disso. É um post pra dizer que me identifico com sua coragem diante da provável derrota. Já viu alguma foto dele com o semblante pesado, preocupado? O cara tá sempre sorrindo. Esperemos que depois da posse esse sorriso que transmite tanta confiança permaneça em seu rosto. Admiro o figura. Sorriso na cara mesmo diante do mais desconfortável embate.
Nunca quis ser presidente. Nem dos EUA. Mas Obama não é só isso. Desde que começou a ser notado mundialmente, não li um texto a seu respeito que deixasse de citar sua autobiografia e TODOS. Isso mesmo, todos os textos sempre ressaltavam: "e ele escreve muito bem". Fiquei a fim de ler a tal biografia. Tá na lista.
Por enquanto, Obama é pra mim um exemplo a ser seguido. Não para chegar à presidência. Mas para escrever bem e, principalmente, nunca perder o sorriso da cara.
terça-feira, novembro 18, 2008
Ligações intuitivas
"Algumas tristezas são mais tristes que outras. Inexplicavelmente mais tristes. Algumas perdas também. Perdas e tristezas são como moeda de troca. Ou como juros. Você opta por elas nas escolhas de hoje, porque sabe que vai pagar mesmo só no futuro. Até lá, vai tentando dar o nó nas alegrias , como quem acumula capital. É um risco. Mas é importante saber que a cobrança sempre vem. E mesmo com dinheiro no bolso, pagar juros é desagradável. Você sempre vai achar que podia gastar melhor essa economia"
Andava no metrô com MP5 no bolso e o MUSE rolando solto. Grande banda. Qualquer hora falo mais deles aqui... A tristeza da música Invincible foi entrando na alma de um jeito que saquei do bolso o smartphone e digitei o texto acima. Normalmente estaria lendo, mas apertado naquela lata de sardinha que estava o metrô só dava mesmo pra segurar o celular.
O texto nem é bom. Mas veio lá do fundão da alma. E coloquei aqui só pra justificar o clipe...
De qualquer forma, chegando em casa, fui escrever um frilinha e lembrei de ouvir o primeiro disco do Keane. Quando chegou na faixa Every body is changing me toquei novamente da semelhança entre as duas faixas. Aliás, as três coisas aqui têm uma relação pra mim. Mas ela é meio intuitiva, então se você achar que uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, apenas curta as duas músicas dos vídeos. São tristes, mas são muito boas!
sexta-feira, novembro 14, 2008
Feel good band
Dois posts abaixo falei sobre um papo com o mano Hamilton e os Feel Good Songs, aquelas músicas que te levantam o astral. Comentei que o que gerou a discussão foi uma música do R.E.M. E, se você não leu, pode fazê-lo depois de acabar aqui. É sexta-feira, né? Dá pra dar uma enrolada no trampo...
Mas voltando ao R.E.M., eis que na terça-feira o já exaustivamente mencionado amigo me liga pra saber se conseguiria ir ao show com ele. Não sou fã de R.E.M. Conheço algumas músicas. Não tenho nenhum CD deles... Mas gosto. Moderadamente. A voz do Michael Stype é bem boa mesmo. E, no quesito originalidade os caras são mesmo bons. Conhece alguma outra banda que soe parecido com eles? Pois é...
Eu não ia no show, mas diante do convite me animei, mas o credenciamento estava encerrado. A Miroca, do Via Funchal, não tinha nem um convitinho pra fornecer a um jornalista. A profissão já deixa subentendida a falta de recursos para ver um showzinho... Mas ela tem as compensações. Além de permitir que eu dirija, às vezes, carros que só compraria se mudasse de ramo, também oferece mimos bacanas como ver o show do R.E.M. convidado pela Volkswagen! O telefonema chegou exatamente quando desliguei da Miroca em busca de uma entrada, é mole? Era um sinal.
O camarada ficou feliz com a companhia e lá fomos para o Via Funchal apreciar o som singular e as letras sentimentais do engajado grupo da Geórgia. Ele estava empolgado. Eu, interessado na cerveja - seis pratas por uma latinha é uma verdadeira extorsão, mas quem tá na chuva...
Com copo na mão, bigode de espuma e o gosto da cerva na boca, circulo em meio ao mais diversificado público que se pode imaginar num show de rock. Estranhamente todos têm o mesmo semblante de gente feliz. Vou a muitos shows e sempre encontro de "wanna be" a metaleiro deprimido, passando por tiozinho deslocado e coroas manguaçadas - a observação é um hábito que se pratica com afinco quando se circula na platéia de shows de rock; todo mundo quer ser visto e faz o possível pra isso.
A banda entra. Um par de guitarras Rickenbacker - como as usadas por Lennon e Harrison, nos Beatles - dá o tom peculiar do grupo que só tem 'sono' no nome. O vocalista entra feliz e de franga solta - desde que saiu do armário ele realmente parece mais feliz com a vida - e põe sua voz a serviço de uma canção desconhecida pra mim, mas não menos empolgante que as que aprecio.
Ao final da primeira me vejo obrigado a comentar. "Há tempos não me dedicava a apreciar um show de canções em de vez de prestar atenção aos virtuosismos e solos. Ainda bem que eu vim."
Depois dessa música, vários hits. "Drive", "One I love", "Everybody hurts", "Imitation of life" e muitas outras. Os caras entedem de show ao vivo. O volume não exagerado permitia a perfeita compreensão dos detalhes sem a perda da pegada roqueira. Ponto pra banda e pra casa. Shows com som ruim são praxe no Brasil...
Aos poucos comecei a cantarolar as que conheço e quando percebi estava bem empolgado com "Is the end of the world". Ao final do refrão, com um soco de esquerda no ar e já depois do segundo copinho da tal cerveja da marca "tungo", me liberto gritando o "...and I feel fine.."
Nessa hora, um insight. R.E.M. é uma Feel Good Band! Não houve uma só canção tocada durante a hora e meia de show que não tenha empolgado o público. Mesmo as mais deprês baladas de letras tristes que nos fazem pensar acabam deixando uma sensação de bem estar.
E assim foi até o hit "Losing my religion", uma das últimas, que lembrou os bailinho de escola ginasial e as danceterias da adolescência.
Um show emocionante, com direito a incusões políticas mencionando a vitória de Obama nas eleições americanas e frase de impacto sem o engajamento excessivo de Bono e sua turma.
Os caras sabem mesmo fazer música. Seguem a receita à risca para que a canção cumpra seu objetivo: fazer com que as pessoas se sintam bem, mesmo enquanto esperam o fim do mundo.
segunda-feira, novembro 10, 2008
Another Day
Acontece que eu não gosto de um dia igual ao outro.
Acontece sempre, aliás.
Mas acontece também de não gostar do dia diferente.
São os riscos de viver...
E quando acontece de você gostar tanto de um dia que fica querendo repeti-lo eternamente?
Afinal, existe um dia igual ao outro ou é a gente que é igual dia após dia?
quarta-feira, outubro 15, 2008
Feel good songs
Noutro dia estava no carro com o Hamilton e no rádio começou tocar "Imitation of life", do R.E.M. Ele então comentou que considera essa música - que está no vídeo 'gentilmente' cedida pelo Youtube - um dos grandes exemplos de Feel Good Songs.
Concordei discordando. Shine Happy People, do mesmo R.E.M., me parece ter mais a cara...
E então passamos a falar sobre o conceito de Feel Good Songs me lembrei da Daisy, que descobriu Crushing Day, do Joe Satriani. "Ouço essa música quando me levanto e ela me enche de ânimo", me confessou uma vez. "Está até no toque do meu celular."
Como também considero a composição do guitarrista uma injeção de energia no meu dia-a-dia, citei-a como exemplo, ao que o Hamilton rebateu: "Tem de ter letra pra ser Feel Good Songs"
Encerramos o assunto naquele dia. Eu, depois, ouvi e assisti ao vídeo da música do R.E.M. e concordo com o Hamilton que ela é de fato um Feel Good Song. Mas insisto: isso não tem a a ver com a letra, mas com as sensações que a canção nos desperta. Faça o teste. Deixe carregar o vídeo e ouça. Sinta o bem-estar e uma felicidade diferente invadirem o seu corpo. Depois, ouça de novo, olhando a letra aqui ó: http://www.cifras.com.br/traducao/rem/imitation-of-life
Tudo bem que a citação de cana-de-açúcar sugere mesmo um "doce" extra na vida, mas a sensação vem mais da melodia do que letra, não?
Pelo sim, pelo não, vai aqui embaixo um vídeo do Satriani tocando a Crushing Day, que, pra mim, pra Daisy e certamente pra outras tantas pessoas, é, sim, um Feel Good Song.
sexta-feira, outubro 10, 2008
Animais na labuta
Aqui na redação trabalhamos comO animais! É fato, há tempos conhecido. Pois então... Dá uma olhada na foto aí e note que agora também trabalhamos COM animais. Essa aí é a Rita, o bull terrier do Badu, nosso chefe aqui na redação. Digo o Badu, não o bull terrier, ok?
Ele mudou de casa pra apartamento e enquanto não consegue um lar para a Rita ela vai morar aqui. Eu espero que ele consiga logo. Estou criando laços afetivos com um cão... Coisa que pensei jamais fosse acontecer. Pior que isso. Estou criando uma relação com um bull terrier... Coisa que quem me conhece sabe que é (era) impossível...
Pois então é isso. A Rita está aqui conosco diariamente, já faz parte das piadas e tomou o lugar de mascote da redação do Melancia, o André, que aparece com esse blusão todo manchado aí na foto. E ele que não se cuide, não... Vai que a Rita começa a querer fazer matéria...
Bom, na foto também estão o Badu, dono do cão, pra garantir a integridade física enquanto posávamos, o Rafael, outro repórter daqui, e eu.
Mas diz aí se a Rita não é de longe a mais simpática de todos?
sexta-feira, outubro 03, 2008
Eu falei MPB!
Há mais de um ano a MTV exibia a primeira temporada de Tela Class, um quadro dentro do esculachado programa Hermes & Renato.
A idéia nem era original dos caras. Já vi em canais gringos o mesmo tipo de programa e até Chico Anysio tinha uma esquete chamada Chico City como esse recurso em seu programa.
Lembro de várias tardes no final dos anos 80, na casa do brother João Carlos, à frente da televisão com o volume zerado, e ouvindo discos (não eram CDs) de rock. De Led Zeppelin a Pink Floyd, Deep Purple, Whitesnake. A TV geralmente um filminho na saudosa (será mesmo?) Sessão da Tarde. E basta um sujeito botar a mão no braço, pra um de nós brincar e fazer uma voz de dublagem mexicana com alguma bizarrice tipo "Ai, meu braço, carai". Gargalhadas gerais e voltámos a olhar a capa do vinil, discutir a arte ou um solo de Jimmy Page. Bons tempos...
Mas voltando ao Tela Class, os caras pegam filmes desconhecidos, editam as cenas e re-dublam, criando roteiros muitíssimo engraçados. Besteirol total, mas muito divertido...
No ano passado era o assunto matinal na editora. A primeira pergunta do dia para o Waltão (ou dele pra mim) era sempre: "Viu Tela Class, ontem? Sempre seguida de risadas...
E elegemos nossos episódios favoritos. Depois de um tempo, começaram a pipocar no Youtube e assistíamos dezenas de vezes às mesmas cenas, rachando o bico.
Depois de um tempo, os episódios começaram a ser repetidos e deixamos pra lá...
Eis que me lembrei ontem do melhor trecho que vi num Tela Class e resolvi assistir novamente. É tão bom que resolvi compartilhar aqui...
Deixe carregar e diverta-se...
Ah, se quiser procurar outros episódios e saber mais, aqui, ó: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tela_Class) há uma lista completa...Até os títulos me fazem rir...
Mas acho que o melhor mesmo em Tela Class é se perguntar: aonde os caras encontram esses filmes tão toscos? E mais que isso: quem gasta dinheiro pra fazer um filme bisonho desses?
Por fim, sempre tenho dúvida se o episódio com o áudio original não é ainda mais esdrúxulo que o dublado pelos caras do Hermes & Renato.
É isso. O importante é não perder o humor!
quarta-feira, outubro 01, 2008
Musa eterna
Pare tudo o que você está fazendo nesse momento. Escute essa música que tá rolando. O quê? Não tá rolando música nenhuma? Nem na sua cabeça? Aquele refrão da música que ouviu nessa manhã ou no carro agora há pouco não está martelando na sua mente? Duvido!
E aquelas vezes em que você e outra pessoa ocupam o mesmo ambiente, ouvem a mesma música e horas depois se surpreendem cantarolando o mesmo trechinho? Já rolou né? Tenho certeza. Essa é uma das magias da música!
Então, se não está rolando nenhum som aí onde você está agora, abra o Youtube e digite lá o nome de seu artista preferido. Tire uns 3 minutos pra ouvir um som. Você merece!
E hoje, dia primeiro de outubro é o Dia Mundial da Música. Vamos reverenciá-la, afinal ela faz parte de nossas vidas. Mesmo das vidas daqueles que (pensam) nem gostam muito de música!
Já reparou que há canções que te transportam direta e imediatamente para o lugar onde você estava na primeira vez que a ouviu? Tente se lembrar da música que ouviu quando beijou quem ama. Se conseguir lembrar, vá atrás dela e ouça... A magia do momento vai voltar imediatamente. A sensação vai durar menos que os 3 minutos da canção, mas vai ser bem boa. Eu garanto!
É isso! Vamos então ouvir alguma coisa e viva a maravilha que é termos a música em nossas vidas!
Noutro dia li um artigo de uma excelente jornalista - que nem gosta mais desse texto - que dizia: Não há como pensar em um mundo sem música.
Assino embaixo!
terça-feira, setembro 23, 2008
Palavras cruzadas
Gosto de ficar sozinho às vezes. Geralmente penso em muita coisa nessas horas. Ontem li uma frase muito boa sobre isso: "Odeio quem me rouba a solidão sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia." E pensei nela enquanto caminhava até o metrô nessa manhã, depois de uma longa e boa conversa com uma amiga. Aliás, as reflexões que faço nesse trajeto depois dessas nossas conversas são quase sempre tão boas quanto as próprias conversas.
Eis que pensando no desdobrar do livro adentro o vagão do metrô e me deparo com um sujeito lendo um livro que gostei muito. Imediatamente me lembrei da última frase do livro. E isso é raro, hein? Acho mesmo que é um dos finais mais legais que li. E como se dissesse qual o livro não poderia citar o final, prefiro o contrário:
"Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas defora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco."
Sensacional! E olha que li isso há pelo menos cinco anos... Então comecei a pensar em como essa passagem me marcou e concluí que ela mostra a que grau de degradação pode chegar um porco...
Pois bem. Pensando em como o ser humano se mostra escroto em determinada situação me lembrei de imediato do Ensaio Sobre a Cegueira, do José Saramago, que mostra bem isso... Preciso ver o filme feito pelo Fernando Meirelles com urgência... mas isso é outra história.
Cito aqui o Ensaio porque é o livro que tem dos melhores começos que já li. A idéia era reproduzir aqui o primeiro páragrafo, mas como se trata de Saramago e sua particular pontuação e articulação, vai o trecho:
O disco amarelo iluminou-se. Dois dos automóveis da frente aceleraram antes que o sinal vermelho aparecesse. Na passadeira de peões surgiu o desenho do homem verde. A gente que esperava começou a atravessar a rua pisando as faixas brancas pintadas na capa negra do asfalto, não há nada que menos se pareça com uma zebra, porém assim lhe chamam. Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem, mantinham em tensão os carros,avançando, recuando, como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a chibata. Os peões já acabaram de passar, mas o sinal de caminho livre para os carros vai tardar ainda alguns segundos, há quem sustente que esta demora, aparentemente tão insignificante, se a multiplicarmos pelos milhares de semáforos existentes na cidade e pelas mudanças sucessivas das três cores de cada um, é uma das causas mais consideráveis dos engorgitamentos da circulação automóvel, ou engarrafamentos, se quisermos usar o termo corrente.
O sinal verde acendeu-se enfim, bruscamente os carros arrancaram, mas logo se notou que não tinham arrancado todos por igual. O primeiro da fila do meio está parado, deve haver ali um problema mecânico qualquer, o acelerador solto, a alavanca da caixade velocidades que se encravou, ou uma avaria do sistema hidráulico, blocagem dos travões, falha do circuito eléctrico, se é que não se lhe acabou simplesmente a gasolina, não seria a primeira vez que se dava o caso. O novo ajuntamento de peões que está a formar-se nos passeios vê o condutor do automóvel imobilizado a esbracejar por trás do pára-brisas, enquanto os carros atrás dele buzinam frenéticos. Alguns condutores já saltaram para a rua, dispostos a empurrar o automóvel empanado para onde não fique a estorvar o transito, batem furiosamente nos vidros fechados, o homem que está lá dentro vira a cabeça para eles, a um lado, a outro, vê-se que grita qualquer coisa, pelos movimentos da boca percebe-se que repete uma palavra, uma não, duas, assim é realmente, consoante se vai ficar a saber quando alguém, enfim,conseguir abrir uma porta, Estou cego.
É fantástico! Recomendo essa leitura. E como pensei num livro com final DU CARALHO e em outro com começo SENSACIONAL, acabei me lembrando do Machado e entendi finalmente a grandiosidade do homem!
A lembrança não foi à toa. Por ocasião do centenário da morte do escritor tenho lido muito sobre Machado. Aliás, li mais SOBRE o Machado do que li O Machado e definitivamente isso não é um bom sinal...
Um cara que abre uma obra com isso:
Ao verme
Que
Primeiro roeu as frias carnes
Do meu cadáver
Dedico
Como saudosa lembrança
Estas
Memórias Póstumas
E encerra com
Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.
Dispensa comentários, né não?
P.S.: O amigo Valmyr também já citou como abertura predileta a da obra "Memórias Póstumas de Braz Cubas"
Palhaço trapezista
segunda-feira, setembro 22, 2008
Presente ideal
Desde garoto fico um pouco nostálgico quando faço aniversário. Sempre fico envergonhado quando as pessoas me dão os "parabéns".
Claro que adoro receber abraços e felicitações dos amigos e parentes, mas sempre fico com vergonha de ter de fazer o outro "se lembrar e ter o trabalho de me parabenizar".
É uma sensação estranha, eu sei. Como disse no post anterior, nesse sábado fiquei mais velho e foi bem legal receber alguns amigos e aparentes que puderam dedicar um tempinho pra aparecer lá em casa.
Nessas horas eu gosto de fazer aniversário, né? Aliás, é mesmo uma bobeira essa sensação. As pessoas te badalando, abrançando e beijando e você ainda se sente "envergonhado"? Que isso..
Sem falar nos presentes, né? Os amigos Bia e Marcelo, por exemplo, me deram um livro Calvin e Haroldo. Adoro ganhar livros (quem não gosta, né?). E gosto de comprá-los também. Entretanto, numa visita à livraria, dificilmente compraria um Calvin e Haroldo. Não que não goste. Pelo contrário. O inventivo garoto e seu intrépido amigo tigre são sempre divertidos e hilários, mas é que o orçamento não permite extravagâncias e sempre há um livro interessante na fila... Você sempre acha melhor gastar com um título "mais sério".
Sendo assim, Calvin e Haroldo é o tipo de livro que se não fosse ganhado dificilmente iria parar na minha estante.
Uma grande bobagem de minha parte. Ainda bem, corrigida pelo casal amigo, que escolheu o presente ideal... E isso se confirmou nas leituras das tirinhas desde sábado...
domingo, setembro 21, 2008
Mesmos hábitos
Perguntou o amigo Hamilton, ontem, dia do aniversário de 32 anos.
—Até me sinto mais velho. Mas não me sinto velho!
Usou o joguinho retórico pra brincar e acabou refletindo a noite inteira sobre isso...
"O que é ser velho?" "E o que é ser mais velho?"
E porque não chegou a conclusão interessante ou plausível, esse astronauta, de fato mais velho desde ontem, resolveu ilustrar o post com foto tirada em uma das últimas missões, num outro momento de reflexão...
quarta-feira, setembro 17, 2008
Nostalgia da modernidade
Revistas costumam comemorar aniversários de décadas com matérias retrospectivas, mostrando o que publicaram ao longo da trajetória. Mas a americana Esquire (essa aqui, ó: http://www.esquire.com/) chegou às bancas comemorando seus 75 anos de existência com uma edição que aponta o futuro. Os caras resolveram mostrar como aparentemente serão as capas e o conteúdo de uma publicação daqui a algum tempo. Em vez de papel e tinta, tecnologia! Já no editorial da publicação o sugestivo título 'O século 21 começou!' Muito interessante!
Não dá pra explicar direito. É melhor assistir ao videozinho aí, encontrado no Blog bacana do Felipe Machado, do Estadão, (esse aqui ó: http://blog.estadao.com.br/blog/palavra/) e entender!
O que dá pra perceber é que depois de alguns avanços nós não vamos mais comprar o jornal ou revista. Vamos apenas renovar o conteúdo digital de um suporte parecido com o que aparece no filminho. Veja aí, divirta-se e que venha o futuro, então! Mais dinâmica, menos árvores cortadas, menos lixo nas ruas...
segunda-feira, setembro 15, 2008
The great gig in the sky
Há muito tempo sou um dos que esperam a vinda do Pink Floyd para o Brasil. A história já virou até lenda. Ano após ano surge um boato de que o grupo inglês virá finalmente ao nosso País para um show aguardado por mais 30 anos!
O grupo se separou em 1980 e desde então os fãs brasileiros sonham com uma reunião e uma aparição deles por aqui.
Em 1988, quando a banda - sem o baixista Roger Waters - se reuniu para a turnê "Delicate Sound of Thunder" uma esperança surgiu, mas logo foi apagada. E assim se passaram quase 20 anos e nada de o Floyd se apresentar no Brasil.
Roger Waters esteve aqui com seu 'In the Flesh', aliás, um dos melhores shows que já vi na vida - e olha que não vi poucos shows, hein... Mas ainda assim não era o Floyd. Não era o baterista Nick Mason, concentrado e reto. E nem o charmoso e temperamental tecladista Richard Wright. Muito menos o grande guitarrista David Gilmour empunhando sua linda Fender Stratocaster vermelha com escudo branco. Não era.
Em 2005, praticamente uma gig, como se diz no jargão de músicos, ou seja, uma reunião de músicos sem compromisso, agrupou os caras, com Roger Waters e tudo, para o projeto Live 8.
Apesar da cara visivelmente desconfortável de David Gilmour em dividir o palco com Waters, os comentários começaram a aflorar: o Floyd vai voltar com a formação original! Fogo de palha, que passou, mas ainda deixou os fãs com uma esperança.
Na tarde dessa segunda-feira, quando informei o amigo Sandro - o maior fã de Floyd que conheço! - da morte do tecladista Richard Wright, ele foi categórico, mas ainda assim, com a esperança de um fã: "Que pena! O sonho agora está mais distante."
É assim. Nem a morte de um membro fundador afasta dos fãs a esperança de uma visita do Floyd ao Brasil... Me lembro bem de uma aula de filosofia lá no colégio sobre o conceiro de Morte. Não chegamos a nenhuma conclusão plausível, mas eu aprendi, naquele dia, o significado da palavra inexorável. Quem sabe um show do Floyd por aqui também não seja, digamos, inevitável?
Bom que fosse. Por enquanto, fiquemos com a sensacional "The Great Gig in the Sky", do maravilhoso disco "Dark Side of the Moon". A música é bastante apropriada como homenagem ao tecladista que morreu hoje, aos 65 anos. Além de Richard Wright ser praticamente o solista da música, com seus pianos e teclados, foi exatamente assim que eu o imaginei quando li sobre sua morte: numa grande gig lá no céu...
quinta-feira, setembro 11, 2008
Meninos, eu vi!
Sempre penso nas pessoas que eram jovens ou adultos em épocas de grandes acontecimentos históricos. Deve ter sido sensacional presenciar eventos importantes do século XX, por exemplo. A revolução Russa, o advento do cinema e depois da televisão. Descobertas incríveis da humanidade que mudaram a história pra sempre. Nessas reflexões concluo que raras vezes os observadores da história "em movimento" se dão conta da grandiosidade do fato observado – salvo, claro, aqueles diretamente envolvidos em cada questão.
Bom, sendo de uma geração nascida em meados dos 70, eu tenho poucas lembranças de ter visto nascer coisas REALMENTE importantes para a humanidade. Já falei aqui da espécie de anacronismo que sinto quando considero as coisas que gosto e a época em que nasci. Adoraria, por exemplo, ter sido adulto na década de 80... Tanta coisa legal – o cubo mágico e o hard rock americano, só pra ficar nos mais evidentes – e eu era muito garoto pra curti-las...
Essa sensação de não ver nascer coisas importantes para o mundo tem um pouco a ver com isso.
Mas me orgulho, por exemplo, de ter visto a Internet nascer. Eu faço parte praticamente da primeira geração de usuários – e pude acompanhar o brutal crescimento dessa mídia. Outra coisa legal que vi foi o advento do celular. Sensacional! Mudou mesmo a vida da humanidade. Como disse, não vi a chegada da TV, mas nem ligo. Prefiro a TV de agora, então não penso que tenha perdido muita coisa...
A chegada do homem à Lua sim. Essa eu queria ter visto ao vivo. Deve ter sido mesmo incrível - principalmente para aqueles astronautas, hein? Também presenciei o 11 de setembro, que pensei mesmo ter sido, apesar de trágico, um fato daqueles que mudam a história pra sempre, entretanto, hoje, 11 de setembro, a humanidade parece preferir esquecer esse dia. Nem o New York Times fez referência à data. Olha a capa de hoje: http://www.nytimes.com/indexes/2008/09/11/pageone/scan/index.html
Talvez não seja mesmo uma boa idéia ficar mexendo em feridas, ainda mais essas não totalmente cicatrizadas, como sabemos.
Mas esse não é um post sobre relações internacionais e sim sobre as descobertas e eventos da humanidade que realmente fizeram diferença na história.
E ontem foi o dia de colocar pra funcionar o LHC, o grandioso acelerador de partículas construído entre a França e a Suíça, que deve provocar colisões entre partículas em deslocamento à velocidade da luz e estudar as energias liberadas nessas “trombadas”.
Sou impressionado com a magnitude do projeto: um túnel circular com quase 30 quilômetros e que levou mais de 20 anos pra ser construído. E me excitam os possíveis resultados. A idéia é observar os primeiros “momentos” – microssegundos – após essas colisões, estudar o que pode ser uma simulação do “big bang”, pra descobrir como o universo se comportou nos seus primeiros passos de existência... A busca é pelo chamado Bóson de Higgs, uma partícula inédita e hipotética, de importância inversamente proporcional a isso: ela será a prova do modelo da Física atual. Olha a definição para mortais como nós: http://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%B3son_de_higgs
Desde a primeira vez que li sobre o LHC pensei duas coisas: a primeira é que queria ver isso de perto. Não deu, né? Mas olha o filminho que eu achei mostrando como foram os testes...
A segunda constatação foi que esse LHC poderia abrir um buraco negro que engoliria a própria Terra. Mas aí achei que eu estava mesmo sendo alarmista e paranóico. Ontem, entretanto, fiquei sabendo que esse medo não era uma exclusividade minha. Olha o texto publicado na Folha On Line: www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u443261.shtml
Bom, é isso. O LHC funcionou, partículas colidiram, o bóson de Higgs não pintou, e também não se criou nenhum buraco negro. Mas é assim. No futuro saberemos da importância dessa máquina. O importante é o seguinte: a busca por nossa origem deu ontem um passo gigantesco e eu (e você também) presenciei esse fato.
(Des) agosto se foi...
É isso. Não é o que diz a canção? “Quando entrar setembro/E a boa nova andar nos campos/Quero ver brotar o perdão...” Ouça aí!
segunda-feira, agosto 18, 2008
Adeus, Caymmi
Nunca estive na Bahia. Pra falar bem a verdade, do Nordeste inteiro, conheço Sergipe, onde estive quando tinha menos de dois anos de idade, e Pernambuco, onde fui a trabalho num rapidíssimo par de dias. Em breve, vou pra Fortaleza, no Ceará, também pra trabalhar.
Mas ainda não conheço a Bahia! E tive saudade da Bahia. Sim! Em todas as vezes que toquei (tentei tocar, é melhor, né?) “Saudade da Bahia”, de Dorival Caymmi, senti mesmo uma pontada de emoção, uma vontade de conhecer o que tanto tinha encantado o compositor.
Ai, se ter saudade é ter algum defeito
Eu pelo menos, mereço o direito
De ter alguém com quem eu possa me confessar”]
“Vejam que situação
E vejam como sofre um pobre coração
Pobre de quem acretida
Na glória e no dinheiro para ser feliz”
Gosto mesmo dessa música. E de outra meia-dúzia por ele composta. Lembro-me de aos 13 anos, numa viagem à praia com um amigo da escola, o Pantcho, de dizer a ele, enquanto estávamos lá no fundo onde nem dava pé, que aquilo me lembrava Dorival Caymmi. Ele perguntou qual a música...
“É doce morrer no mar” cantarolei. E ele respondeu, saindo de braçada para o raso, “Sai fora, Heverton!”
“Não pinte esse rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina, você já é bonita
Com o que deus lhe deu”
No final, peguei um gosto especial pela canção, quase certo pelo trecho:
“Eu já desculpei muita coisa
Você não arranjava outra igual
Desculpe, marina, morena
Mas eu tô de mal”
O ‘de mal’ do final é tão nordestino, que me lembrava mesmo minha infância, com minhas vizinhas maquiadas e meus tios e tias recém-chegados de lá. ‘Nossa, essa frase é bem baiana’, pensei logo que ouvi.
E sempre que posso paro pra dar uma ouvidinha nos versos de Caymmi. Quando soube de sua morte imediatamente pensei na Marina e em seguida tive saudade da Bahia!
sexta-feira, agosto 15, 2008
Solos e solos
Bom, ele está aqui simplesmente porque estou ouvindo no carro o CD Vamo batê lata - bom pra caralho - e me lembrei de quanto gosto do solo de "Lanterna dos afogados". É um dos mais bonitos que já ouvi na vida e sem dúvida um dos melhores da guitarra nacional!
Curta o Paralamas e se não quiser ouvir a música inteira, deixe carregar e pule para o frame 3:20, é quando começa o referido solo... E a Paula Toller chegou a dizer que os solos de guitarra do cara não iam conquistá-la, hein?
Falando em solos de guitarra, você também vai reparar que logo abaixo aparece o mestre Satriani com sua mais famosa música, "Always with you, always with me". Outra aula sobre a arte e o prazer de tocar esse instrumento que, já deu pra perceber, eu tanto gosto!
Mas não é muita coisa dois posts com solo de guitarra seguidos? Também acho! Mas se você leu o post sobre o problema com as cores no blog e viu que o azul berrante sumiu definitivamente, entendeu que o tal servidor do Blog resolveu se acertar comigo, né?
Pois é. Ele também resolveu botar no ar esse post do Satch, que foi feito há semanas e por algum motivo que só o nosso amigo servidor conhece não entrou no ar.
As cores estão certas agora. Adoro o Satriani e o Paralamas do Sucesso. Então, posso dizer que realmente não tenho do que reclamar! Divirta-se...